A África do Sul gastou cerca de 1.3 bilião de randes no exercício das suas actividades diplomáticas nos últimos três anos, principalmente no que toca à sua participação em organismos multilaterais, tornando-se, assim, um dos grandes contribuintes da União Africana (UA) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Em 2011, o país desembolsou perto de 312 milhões de randes à União Africana (cerca de 15 porcento do seu orçamento), 328 milhões em 2012 e espera alocar mais 183 milhões este ano.
Como pouco impacto nas Nações Unidas, se comparado com os países ocidentais, a África do Sul disponibiliza cerca de 0.385% do orçamento da organização dirigida por Ban ki-Moon. Em 2011 a sua contribuição esteve na ordem dos 81 milhões de randes, tendo o mesmo valor diminuído para 79 milhões. Este ano, desembolsou 94 milhões, tornando-se, deste modo, o maior contribuinte do continente.
Quanto à SADC, o país contribuiu com cerca de 20% dos 70 milhões para o ano financeiro 2012-2013, e espera ajudar a organização a alcançar da meta dos 138 milhões de randes estipulados para o exercício 2013-14.
Segundo a ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Maite Nkoana-Mashabane, que discursava no dia da votação do orçamento da SADC no Parlamento sul-africano, na semana passada, o país pretende fazer parte da iniciativa de promoção do multilateralismo.
Promoção dos seus interesses
Nkoana-Mashabane afirmou que a África do Sul optou pelo uso da sua qualidade de membro nos fóruns internacionais “para a promoção dos interesses da nação e para a implementação da agenda africana”.
De acordo com a titular da pasta da diplomacia, a eleição da África do Sul para um assento na Comissão da Paz da ONU, depois do país ter sido eleito para o Conselho de Segurança da organização, “foi um testemunho do cometimento contínuo para a paz e segurança global”.
Para a África do Sul, antes acusada de usar o seu poderio financeiro e económico para atingir lugares cimeiros nas organizações multilaterais, certas acções culminaram com a estabilização do seu impacto no continente.
O Governo de Zuma gastou cerca de 126 milhões de randes no financiamento das eleições gerais de 2011 na República Democrática do Congo. Segundo o relatório em torno dos investimentos a nível do globo, apresentado na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio, o país é tido como aquele que está a fazer um largo e desenvolvido investimento directo em África.
A voz africana
A África do Sul tem como objectivo tornar-se a nação que, através da sua participação nas diferentes organizações internacionais, fala em “voz alta” acerca dos problemas que atormentam o continente.
“No G20 (o primeiro fórum internacional para a cooperação nos diversos problemas-chave da agenda global da economia e das finanças), para as reformas na arquitectura financeira internacional e nas instituições da Bretton Woods, devemos intensificar a nossa advocacia e diplomacia para a transformação do sistema de governação global. A expansão do Conselho de Segurança da ONU, nas categorias de permanentes e não permanentes deve ser a nossa prioridade”, referiu.
Refira-se que o continente africano luta por dois assentos no Conselho de Segurança da ONU, tendo como candidatos favoritos a Nigéria e a África do Sul. Uma das grandes prioridades diplomáticas do Governo de Zuma no presente ano é prestar a sua assistência ao Zimbabwe para a realização de eleições credíveis e justas, tomando em consideração a sua mediação, em representação da SADC.
Reacção da oposição parlamentar
O porta-voz das relações internacionais junto da Aliança Democrática (DA), a maior força da oposição da África do Sul, Ian Davidson, afirmou que durante os 14 anos que se encontra no Parlamento, o relatório apresentado por Nkoana-Mashabane foi convincente e que o seu ministério merece a sua confiança.
Milton Maluleque