A líder da dissidência uigur no exílio denunciou nesta quarta-feira, em Tóquio, que cerca de dez mil pessoas desapareceram em Urumqi em uma noite e se mostrou perplexa e decepcionada com a atitude dos Estados Unidos depois dos distúrbios étnicos do início de julho na China.
“Dez mil pessoas desapareceram em Urumqi em uma noite. Para onde foram? Se morreram, onde estão os corpos?”, questionou Rebiya Kadeer durante coletiva de imprensa, em seu segundo dia de visita ao Japão. Em 5 de julho passado, violentos distúrbios explodiram entre os uigures muçulmanos e os hans, etnia majoritária na China, em Urumqi, capital da região autônomo chinesa de Xianjiang, no noroeste. “A resposta dos Estados Unidos é algo distante. Estou perplexa e decepcionada”, afirmou.
“Quero acreditar que os Estados Unidos não continuarão impassíveis. Que responderão de forma adequada”. Kadeer chegou nesta terça a Tóquio para uma visita de cinco dias condenada por Pequim, que a acusa de ter fomentado os distúrbios interétnicos. A disidente, que dirige o Congresso Mundial Uigur, com sede em Munique, Alemanha, chegou em Tóquio proveniente de Washington, onde vive desde que iniciou seu exílio da China, em 2005.
Enquanto Rebiya Kadeer insiste que o governo chinês “quer arrasar o povo uigur”, Pequim acusa o Congresso Mundial Uigur de ter incentivado os distúrbios em Urumqi. “Se a China diz que estou envolvida, quero que mostre provas”, enfatizou Kadeer. “A responsabilidade dos distúrbios é das autoridades, que transformaram o que era, a princípio, uma manifestação pacífica em distúrbios violentos”, acrescentou. Segundo Kadeer, na noite de 5 de julho a eletricidade foi cortada e a polícia disparou contra a multidão de forma indiscriminada”.
“Na manhã seguinte, as pessoas descobriram que muitos uigures haviam desaparecido”, denunciou, reclamando o envio a essa região da Ásia Central de uma missão de investigação independente para verificar os fatos. O ministério chinês das Relações Exteriores expressou sua “viva desaprovação” quanto a esta visita. Nesta quarta, a China convocou o embaixador do Japão em Pequim para expressar seu protesto pela visita.
O vice-chanceler chinês Wu Dawei foi o encarregado de transmitir ao embaixador Yuji Miyamoto o “forte descontentamento” provocado em Pequim pela presença e as atividades de Kadeer no Japão.