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Devido as medidas de prevenção da covid-19 na Cidade de Quelimane “já não há movimento de pessoas nem receitas”

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A Cidade de Quelimane é o epicentro da 3ª vaga da covid-19 na Província da Zambézia com mais de uma centena de casos actualmente activos e um cumulativo de 5.201 positivos. O comércio informal e o transporte de passageiros em bicicletas são as principais actividades de rendimento. “Este negócio tem muita saída nas noites e dias festivos, com o recolher obrigatório não possível vender” lamenta Maria Lázaro comerciante de peixe. O taxista Rafael Nacunho declarou que devido as medidas de prevenção da pandemia “já não há movimento de pessoas nem receitas”.

“Nos últimos meses a receita mais elevada que tive foram 80 Meticais, antes das medidas do Governo contra esta doença conseguia 300 Meticais diários, nas noites dos finais de semana chegavam a fazer 500 Meticais”, contou ao @Verdade o jovem taxista bicicleta Pires da Costa, casado e pai de duas filhas, recordando que graças a este trabalho informal conseguiu construir uma habitação própria.

Sandar Janeiro, um dos operadores de táxi mais antigo na Cidade de Quelimane hoje com cinco bicicletas, disse que face as medidas de prevenção da pandemia têm de trabalhar todos os dias e as receitas “são mínimas” obrigado a reduzir as refeições da sua família “as receitas diárias baixaram muito, dão para comer e pouco mais, mesmo trabalhando todos os dias a não conseguimos fazer 300 Meticais por semana”.

“Nos dias que correm a situação esta cada vez mais critica aqui viemos para tentar a sorte porque já não há movimento de pessoas nem receitas, ficamos mais tempo a conversar que transportar clientes” testemunhou Rafael Nacunho, chefe de um agregado familiar de sete pessoas, que há pouco anos trocou a venda informal de hortícolas e produtos pesqueiros pelo negócio de táxi bicicleta, “os ganhos eram animadores, mas com a eclosão da covid-19, tudo foi por água abaixo”.

“Quantidades que vendo não são as mesmas que antes desta doença”

Outra actividade de rendimento na Cidade de Quelimane é a venda de peixe, praticada maioritariamente por mulheres como Maria Lázaro. “Vendo madjembe (um tipo de peixe) há mais de vinte anos, e com este dinheiro que assegurei os estudos dos meus filhos, mas nunca vivemos um cenário destes”.

“Este tipo de negócio tem muita saída nas noites e dias festivos, e com o recolher obrigatório não possível vender. Eu tenho a sorte de ter clientes que quando precisam o peixe, me ligam, mas as quantidades que vendo não são as mesmas que antes desta doença” declarou a Maria que sustenta quatro filhos e não recebeu nenhum tipo de apoio do Governo desde que a pandemia da covid-19 eclodiu.

A viúva Marta, que aos 50 anos de idade sustenta seis filhos graças ao negócio de peixe revelou ao @Verdade que teve que abandonar o mercado e passou a vender de porta em porta “porque as taxas cobradas pela Município afundavam as receitas, caíram de cerca de mil Meticais diários para menos que a metade. Reconheço a existência e o perigo que a doença representa, principalmente andado pelos bairros, mas não tenho outra alternativa para alimentar os meus filhos, por isso fui uma das primeiras vacinadas na campanha massiva”.

Apesar da condição social e das dificuldades agravadas pelas medidas de prevenção da covid-19 impostas pelo Governo de Filipe Nyusi em Março de 2020 nem Maria ou Marta receberam qualquer tipo de apoio financeiro.

O ignorar das medidas preventivas da propagação do novo coronavírus estende-se às cerimónias fúnebres, o @Verdade presenciou enchentes em alguns enterros realizados no Cemitério da Sagrada, um deles de uma das vitimas da pandemia.

Embora os coveiros tenham equipamento de proteção não houve observância do distanciamento físico dos participantes. “Os parentes forçam a entrada e ameaçam-nos” explicaram os coveiros.

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