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Detratores de Chávez abrem champanhe e brindam por nova era

Enquanto centenas de milhares de venezuelanos fazem fila para despedirem-se do presidente Hugo Chávez, os oponentes dele rezam para que a “revolução bolivariana” morra junto com o seu criador, e há até quem tenha estourado champanhe para celebrar.

Caminhando por um parque arborizado no bairro mais rico de Caracas, longe da comoção que cerca o velório de Chávez, o documentarista aposentado Cesar Caballero suspirou com profundo alívio ao falar da morte do presidente.

“Às vezes a natureza intervém e elimina coisas que simplesmente não são boas”, disse Caballero, de 66 anos, que vestia um boné com a palavra “Kansas”. “Ele causou mais dano à Venezuela do que qualquer um. O país dividiu-se em duas partes, cada uma odeia a outra. Chávez fez isso.”

O presidente, que morreu, Terça-feira, aos 58 anos, após quase dois anos de luta contra um cancro, era amado pelos venezuelanos pobres por causa do seu jeito simples, da sua retórica anti-americana e acima de tudo pelos generosos programas sociais financiados com dividendos do petróleo.

Em cenas intensamente emotivas, uma multidão passa incessantemente diante do corpo de Chávez numa academia militar de Caracas. Crianças e idosas desmaiavam no calor da fila, e um telão mostrava a reacção das pessoas nos breves instantes em que podiam ficar diante do caixão – prestando continência, erguendo o punho, persignando-se e, em alguns casos, perdendo os sentidos.

“Ele não foi, ele vai viver por meio de nós”, gritava uma multidão formada por jovens, idosas e mulheres com filhos sobre os ombros. Mas Chávez polarizou a Venezuela nos seus 14 anos de governo, e os críticos descrevem-no como um déspota que arruinou a economia, intimidou adversários e colocou investidores e famílias de classe média em fuga.

De Caracas a Miami – reduto do auto-exílio venezuelano -, alguns antichavistas estouraram champanhes para comemorar a sua morte. “Podem me chamar de não-religiosa, ofensiva, o que quiserem, mas abri uma garrafa de champanhe com a minha família quando soube da notícia”, disse a esposa de um rico empresário de Caracas, pedindo anonimato.

“Deus me perdoe pelo que estou a dizer, mas juro que ele fez tanto mal a este país que mereceu isso.” Mas as expectativas de fim do chavismo podem ser precipitadas. Pela Constituição, umas novas eleições deverão ser convocadas em breve, e ela provavelmente vai contrapor o presidente interino Nicolás Maduro – apontado em vida por Chávez como seu herdeiro político – ao governador oposicionista Henrique Capriles, que foi derrotado por Chávez nas últimas eleições presidenciais, em Outubro passado.

Os analistas prevêem um amplo favoritismo para Maduro.

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