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Detenção de cinco jovens provoca protestos na Beira

Cinco jovens, de um total de 30 envolvidos em operações clandestinas de policiamento comunitário no bairro de Esturro, na Beira, foram detidos pela Polícia na terça-feira na posse de armas brancas, as quais eram supostamente usadas como meio de defesa contra os bandidos.

Segundo o jornal Diário de Moçambique, trata-se de Mateus Verniz, Manuel Marcelino, Alberto Vicente, Ernesto Chimica e Victor Martinote, de idades compreendidas entre 19 e 26. Todos estes foram apresentados ontem à imprensa na 3ª Esquadra, local onde desde terça-feira encontram-se detidos. Segundo a Polícia, os cinco supostos falsos membros de policiamento comunitário foram detidos na noite de terça-feira, algures no mercado de Esturro, numa altura em que se encontravam em plena actividade contra presumíveis assaltantes.

Mateus Mazibe, chefe de secção de imprensa no comando provincial da Polícia, disse ao “Diário de Moçambique” que a detenção do grupo surge pelo facto de se suspeitar que esteja envolvido em acções maléficas e prática de patrulhamento ilegal com recurso a armas brancas e sem prévia autorização das autoridades. “Estes jovens foram surpreendidos pela Polícia na posse de vários instrumentos. Eles disseram que estavam a patrulhar a zona e ao que se sabe tanto as estruturas do bairro, assim como as autoridades policiais não receberam nenhum pedido sobre a intenção de se querer fazer aquela actividade no bairro”, disse Mazibe. “Os membros de policiamento comunitário do bairro de Esturro, o secretário do quarteirão e a Polícia não foram contactados (pelos ora detidos). Eles são suspeitos de prática de crime de associação de indivíduos para delinquir e, neste momento, deverão permanecer encarcerados até se esclarecer a verdade”, disse Mazibe.

Segundo o Diário de Moçambique o presidente do conselho de policiamento comunitário no Esturro, Mário Vicente, e o secretário do quarteirão 1 no mesmo bairro, Francisco António, confirmaram ontem aos órgãos de informação não terem sido contactados pelos jovens sobre a intenção da criação de um grupo paralelo ao policiamento comunitário. Mário Vicente explicou, por exemplo, que: “Não conheço este grupo. No bairro temos apenas oito membros registados”.

No entanto, os cinco jovens dizem que foram mobilizados para assumir aquela tarefa pelo chefe de dez casas algures no Esturro, mais conhecido pelo nome de Catanduco, em coordenação com Rodrigues Araújo, morador que viu os seus vizinhos a serem despojados dos seus haveres por ladrões na madrugada de domingo. A mobilização, segundo eles, surge pelo facto de nos últimos dias o bairro de Esturro estar mergulhado numa sucessão de assaltos, envolvendo “homens de catana”.

Os cinco jovens, surpreendidos por agentes da Polícia, disseram que foram obrigados a entrar para a campanha, que aconteceu apenas naquela noite, por uma questão de “patriotismo”. “Fomos recrutados para defender a nossa zona”, disse Ernesto Chimica, falando em nome do grupo. Ele acrescentou que na noite em que foram presos pela Polícia no bairro tinham sido mobilizados 30 jovens para patrulhamento, os quais foram divididos em vários grupos.

O objectivo da patrulha era de neutralizar os assaltantes e entregá-los às autoridades policiais, uma vez ter-se provado que os homens da lei e ordem, apesar de tantas queixas, nada fazem para conter a criminalidade no bairro. “Naquele dia eu vinha da escola e quando cheguei em casa fui informado que tinha que integrar um grupo de patrulhamento no bairro. Dizem até que o chefe de dez casas orientou uma reunião no mercado, na qual pediu que as mães informassem aos seus filhos sobre a necessidade de patrulhamento”, disse Chimica, para depois questionar a razão da detenção do seu grupo.

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