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Detenção de candidato da oposição aumenta tensão durante eleições no Uganda

Detenção de candidato da oposição aumenta tensão durante eleições no Uganda

Os ugandeses foram às urnas nesta quinta-feira(18) para escolher o seu próximo presidente num dia marcado por uma grande tensão após a detenção do principal candidato opositor e o bloqueio do acesso às redes sociais ordenado pelo governo de Yoweri Museveni, no poder há três décadas.

Pouco depois de começarem a fechar as primeiras mesas de votação, o principal candidato opositor, Kizza Besigye, foi detido pela polícia na capital e levado pouco depois para sua casa. A detenção aconteceu quando o candidato do Fórum por uma Mudança Democrática (FDC) tentou entrar em escritórios de segurança governamentais onde, segundo denunciou, poderia estar a acontecer uma manipulação eleitoral.

No entanto, a polícia assegurou que Besigye não foi detido, mas apenas “escoltado” até à sua casa após ter o acesso negado a esta instalação de segurança onde os civis não podem entrar.

A tensão esteve presente durante toda a campanha eleitoral, já que, apesar da maioria dos centros de votação ter aberto as suas portas no horário marcado, em muitos locais ocorreram atrasos consideráveis por falta de boletins de voto e urnas que provocaram violentos protestos.

Na região de Elgon viveram-se momentos de tensão quando dezenas de eleitores protestaram após descobrir que nas suas mesas de votação só existiam boletins para votar nos candidatos parlamentares ou que os boletins já estavam marcadas para alguns candidatos, segundo a imprensa local.

Em Munyonyo, a polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar os cidadãos que protestavam pelo atraso das boletins de voto, que ainda não tinham chegado à mesa de votação até o período da tarde.

A Comissão Eleitoral pediu paciência aos ugandeses e desculpou-se por estes incidentes que provocaram o prolongamento das votações durante horas e inclusive a suspensão até esta sexta-feira(19) em algumas regiões.

A tensão aumentou quando as autoridades ugandesas bloquearam o acesso a redes sociais como Facebook, Twitter e Whatsapp a pedido da Comissão Eleitoral, que foi acusada pela oposição de favorecer Museveni.

A Comissão de Comunicação de Uganda alegou razões de segurança nacional para justificar o corte, que, segundo denunciou a Amnistia Internacional, representa uma “flagrante violação dos direitos fundamentais dos ugandeses à liberdade de expressão e à informação”.

Museveni, de 71 anos, votou na sua cidade natal de Rushere, no oeste do país, naquela que se apresenta como a sua reeleição mais difícil durante as três décadas que está à frente do governo. “Podemos trabalhar com essa gente (a oposição) se levarem a sério o desenvolvimento do país”, disse o presidente aos jornalistas após depositar o seu voto, momento no qual explicou que as redes sociais tinham sido restringidas para “deter a criação de problemas”.

As pesquisas dão-lhe uma vitória bastante curta num momento em que a sua popularidade está em níveis mínimos, especialmente pelas denúncias das organizações da sociedade civil pelo entorno de intimidação que sofrem as vozes críticas no país.

O seu principal rival, Besigye, votou na cidade de Rukungiri, horas antes de ser detido pela segunda vez esta semana. Na segunda-feira ele já havia sido detido numa manifestação e posto em liberdade pouco depois, o que provocou protestos dos seus eleitores na capital, que foram reprimidos pela polícia com disparos que deixaram pelo menos um morto e quatro feridos.

Devido ao clima de tensão vivido nos últimos dias, as autoridades desdobraram a polícia militar nas ruas da capital Kampala e em outras grandes cidades do país, enquanto alguns estabelecimentos fecharam suas portas por medo de possíveis distúrbios.

Museveni concorre pela quarta vez à reeleição após ter ganhado todos os pleitos realizados desde 1996, dez anos depois do fim da guerra civil (1980-1986) após a qual se auto-proclamou presidente.

No entanto, os três milhões de eleitores novos registados nessas eleições poderiam exercer um papel determinante na hora de configurar o novo mapa político dos próximos cinco anos. No total, mais de 15 milhões de ugandeses estavam registados para votas nestas eleições presidenciais, legislativas e locais que podem mudar o rumo do país africano.

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