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Desportivo quer o primeiro lugar

Se algum dramaturgo decide levar ao teatro actos de loucura, aqueles delírios com os quais um grupo de miúdos disputa uma partida de futebol, seria aconselhável que desse uma vista de olhos ao jogo entre o Ferroviário de Maputo e o Desportivo, um espectáculo fantástico, de alta voltagem, que teve de tudo e finalmente coroou os alvi-negros.

Os pupilos de Augusto Matinejá “meteram” a quinta mudança e vão tirando do caminho os obstáculos que encontram pela frente. Só falta o Maxaquene. Ainda há muito campeonato, é certo, mas o Ferroviário vai perdendo a carruagem da frente, aquela que dá direito a lutar pelo título. Ainda assim, esperava-se que os locomotivas quisessem manter a invencibilidade no seu reduto com o adorno importante de uma exibição de qualidade.

Verdade que o adversário bem cedo mostrou não estar ali para colaborar com estatísticas ou ser comparsa de uma qualquer festa. Realmente, o Desportivo posicionou- se no terreno de forma a jogar no meio-campo defensivo dos locomotivas, a não permitir circulação de bola e a manter sobre Whisky e Valdo todos os olhos do mundo, não fosse um erro de Zainadine Júnior a permitir que Buramo inaugurasse o marcador.

O defesa alvi-negro não controlou um passe de Leonel, e Buramo, contra a corrente do jogo, ganhou a bola e partiu veloz para área onde bateu um desamparado Leonel.

Mesmo com o golo locomotiva, os alvi-negros tinham prometido não “embarcar” no estilo do adversário e muito menos aceitar que fossem estes a marcar o ritmo do jogo. Mas depois não cumpriram até ao soar do “gong” do primeiro tempo.

E porquê? Fundamentalmente porque o Ferroviário, abdicando mais ou menos conscientemente de contra-atacar (quanto mais atacar…), se aplicava no rigor de marcações e sempre com mais homens no meio-campo, prontos para acudir onde fosse necessário. Enfim, num quatro 4-5-1 claro esbarrava o maleável 4-4-2alvi-negro, com as consequências naturais de não conseguir criar zonas de passe e espaços vazios por onde pudessem surgir as desmarcações de Tico- -Tico.

Foram os tais 45 minutos de muita emotividade que a vantagem locomotiva espelhava às mil maravilhas.

E o segundo tempo seguir-lhe-ia as pisadas, apenas com uma diferença: dois socos (leia-se golos) no marasmo colectivo. Golos válidos, bonitos até, e resultantes do envolvimento colectivo, isto é, realçando a qualidade dos artistas dos alvi-negros: Zainadine deu o que tirou: marcou um golão e esteve no início da jogada do segundo golo, apontado por Nando.

Quanto ao resto, isto é, aos outros minutinhos, não conseguiram, embora com outra emoção a envolver as bancadas mal compostas de público, escapar à tónica da mediocridade qualitativa, aqui e além pintalgada com algumas entradas à margem das regras, mas às quais o árbitro não deu o devido “valor”.

A vitória do Desportivo – importante por mantê-lo na luta pelo primeiro lugar – acaba, no entanto, por dar o braço à moral do jogo. Foi, sem dúvida, o conjunto que mais atacou, que mais situações de perigo ensaiou. Porém, que menos tempo teve a bola nos pés.

Claro que essa posse foi consentida pelo Ferroviário que não procurou – como era lógico pensar – apanhar os visitantes em contrapé. Talvez por isso, quando Buramo inaugurou o marcador, depois do erro de Zainadine, se tivesse pensado que o futebol não tinha moral! Por outras palavras, o Ferroviário nada tinha feito até então para justifi car um golo.

E, curiosamente, também nada mais fez depois de o ter obtido. Muita pressão, muita genica, tudo isso importante mas insuficiente para retrair Zainadine de mostrar, outra vez, o seu talento na ala direita, restabelecendo a igualdade no marcador com o golo que deu o mote, aos 83 minutos, à cambalhota no marcador.

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