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Reclamação: Despedimentos em massa no Banco Tchuma

Boa tarde, Jornal @Verdade. Somos trabalhadores do Banco Tchuma S.A. Gostaríamos, através do vosso meio de comunicação, de expor a nossa inquietação sobre as irregularidades laborais em curso na nossa instituição e que culminam com despedimentos em massa sem aviso prévio nem justa causa.

Desde Novembro do ano passado, o Banco Tchuma tem estado a rescindir contratos com os trabalhadores por razões não especificadas e sem uma informação prévia aos visados. Neste momento, há mais de 50 colegas sem emprego e não receberam nenhuma compensação, o que viola a Lei do Trabalho em vigor no país.

Quando pedimos explicações à direcção do banco não tivemos uma resposta satisfatória: o director de recursos humanos fez um aconselhamento no sentido consultarmos o dispositivo que a instituição viola. O problema agudiza-se porque já não temos um órgão sindical, uma vez que os seus membros foram os primeiros a serem despedidos injustamente. E

stamos desnorteados. Não sabemos o que está a acontecer, principalmente porque o banco deixou de conceder créditos aos clientes. Nenhuma explicação ou motivação foi dada aos trabalhadores.

Em 2012, os inspectores do Ministério do Trabalho (MITRAB) visitaram o banco e constataram várias irregularidades, tendo, por conseguinte, deixado recomendações com vista a ultrapassá-las. Contudo, nenhum ponto foi resolvido em prol dos funcionários que tanto fizeram e fazem para o banco crescer.

Um dos pontos infringidos pelo patronato tem a ver com os salários que não são revistos. Há indivíduos que exercem o mesmo cargo há mais de cinco anos mas não são promovidos profissionalmente. E não existe comunicação entre o corpo directivo e os funcionários.

Ainda em 2012, houve uma reunião com o Presidente do Conselho de Administração (PCA), Abdul Magid Osman, o qual nos informou sobre a vinda de novos investidores de origem indiana, porém, passados dois meses, o representante da empresa abandonou-nos sem deixar nenhuma explicação em relação do ponto de situação desses investimentos.

Estamos a trabalhar num clima de insegurança e não sabemos quando é que um dos empregados será despedido.

Outro assunto que nos inquieta está relacionado com o director de Sistemas de Informação, Adão Saranga, e o financeiro Armindo Munguambe. Estes foram transferidos de um sector na Função Pública para o Banco Tchuma e cada um deles está a receber cerca de 100 mil meticais por mês porque são familiares do administrador.

A administração diz que o banco está em crise mas não se tomam medidas de austeridade, os gestores continuam a receber salários chorudos, para além de inúmeros privilégios. Socorro, ajudem-nos a esclarecer esta atrocidade a que estamos sujeitos.

Resposta

Sobre este assunto, o @Verdade contactou o Banco Tchuma, porém, os seus gestores não se quiseram pronunciar abertamente sobre a preocupação dos nossos reclamantes. A pessoa indicada para explicar o que se passa naquele estabelecimento de concessão de créditos, por sinal do Departamento de Recursos Humanos, falou anonimamente.

O interlocutor disse que as inquietações dos funcionários constituem verdade, excepto a falta de aviso prévio no acto de despedimentos, que acontecem em massa desde Dezembro de 2012 devido à insuficiência de dinheiro para pagar salários a todos.

Segundo o entrevistado, essa limitação financeira coloca a instituição sem alternativas para manter funcionários sabendo de antemão que não existem fundos para remunerá-los enquanto trabalharam. Isso iria gerar conflitos e, consequentemente, paralisação de actividades.

O Banco Tchuma submeteu ao Ministério do Trabalho uma carta a informar que iria despedir parte dos seus colaboradores, e reuniu-se com os visados, com antecedência, para esclarecer o que estava na origem da crise, explicou o nosso interlocutor, para quem os clientes do banco deixaram de contrair empréstimos, havendo ainda alguns problemas relacionados com a gestão interna agudizados pela retirada de certos investidores.

Todos os trabalhadores despedidos receberam um aviso prévio de cerca de 30 dias, foram indemnizados e beneficiaram de outros direitos plasmados na Lei do Trabalho em vigor em Moçambique, disse a nossa fonte distanciando-se da inquietação dos reclamantes. A mesma sublinhou que enquanto o volume de investimentos continuar a decrescer e a procura pelos serviços do Banco Tchuma reduzir drasticamente, haverá despedimentos, porém, respeitando a Lei laboral.

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