A pesar da doença ainda não ter eclodido na província de Nampula, uma onda de desinformação sobre a cólera está a agitar esta região, mais precisamente no distrito de Moma, onde, no ano passado, se desencadearam actos de violência que culminaram com a morte de muitas pessoas, entre elementos da polícia, saúde , Cruz Vermelha de Moçambique e da população no distrito costeiro de Moginqual.
Informações recentes do governo provincial, referem que alguns trabalhadores da delegação do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, em Nampula, foram agredidos por um grupo da população, suspeitos de propagação da cólera no distrito de Moma. Segundo, ainda, dados do executivo provincial, os instigadores da violência destruíram o posto de saúde de Pilivili e uma residência.
De acordo com as mesmas informações, um total de dezasseis indivíduos considerados promotores da desinformação sobre a cólera naquele distrito, encontram-se, neste momento, a contas com a polícia, enquanto decorrem actividades de sensibilização para que as populações não sejam induzidos nessas acções de violência gratuíta.
Os trabalhadores do Instituto de Gestão de Calamidades tinham sido destacados para aquele distrito a fim de explicar as populações sobre a necessidade de se precaverem das calamidades naturais, designadamente ciclones, devido ao facto daquele distrito, à semelhança dos outros da zona costeira, serem propensos à ocorrência desses fenómenos neste período de chuvas.
Entretanto, as autoridades governamentais da província, consideram que a situação ainda não é grave, embora exija uma atenção especial em termos de tomada de medidas preventivas para que cenas como aquelas que se assistiram, no ano passado, em Moginqual, não voltem a acontecer.
De lembrar que a agitação em torno da cólera eclodiu com maior violência, no ano passado, nos distritos de Moginqual, Moma e Angoche. Neste último, a campanha de desinformação afectou sobremaneira a localidade de Sangache, onde dois agentes da polícia viriam a perder a vidade. depois de terem sido espancados violentamente.
No distrito de Moma, os actos de vandalismo registaram-se principalmente na localidade de Larde, onde foram detidas quatro pessoas consideradas promotoras dessas manifestações, enquanto que em Moginqual, no posto administrativo de Quinga, onde foram espancadas até à morte duas pessoas, entre as quais uma activista da Cruz Vermelha. Na altura quase todas as instituições públicas, incluindo o sector de saúde, foram encerradas e os respectivos funcionários viram-se obrigados a refugiarem-se na vila sede do distrito, Liupo.
Criou-se uma situação aparentemente difícil de controlar, e que levou a que a polícia fizesse detenções arbitrárias que resultaram na morte de doze pessoas encarceradas numa diminuta cela daquela vila.