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Desigualdade na partilha de recursos gera conflito e injustiça social, admite Filipe Nyusi

Desigualdade na partilha de recursos gera conflito e injustiça social

Foto da Presidencia da RepúblicaO Presidente da República, Filipe Nyusi, disse na quinta-feira (05) que a exploração do carvão, a retomada da extracção de grafite e outros minerais colocou Moçambique nas principais bolsas de valores fora de portas, houve um massivo investimento em infra-estruturas, o que elevou as expectativas dos cidadãos em relação à melhoria das suas condições de vida. Contudo, a distribuição desigual da riqueza, do poder e dos recursos gerou um sentimento de injustiça social e empurrou o país à tensão político-militar.

Dissertando para um auditório, diga-se de luxo, no Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), sobre o tema “Ambiente Internacional e Doméstico para a Paz em Moçambique: Actores, Consensos, Desafios e Perspectivas”, na aula de sapiência por ocasião da homenagem feita por aquela instituição de ensino, pela outorga ao título de Doutor Honoris Causa, o Chefe do Estado disse a paz é um projecto colectivo dos moçambicanos. Estes devem trabalhar em conjunto para o alcance de uma paz efectiva, que para ele “é uma responsabilidade”.

A violência estrutural na nossa sociedade pode estar na origem das carências e privações a que as comunidades estão sujeitas. “As pessoas entendem a realidade em função da sua própria experiência e condição”, afirmou Nyusi e defendeu que “a maior causa dos conflitos é o sentimento de injustiça social, o sentimento de distribuição desigual das riquezas, do poder, dos recursos” e estes factores que não actuam de forma isolada.

Segundo ele, Moçambique registou, na última década, “níveis de crescimento encorajadores que foram acompanhados por profundas transformações políticas, económicas, sociais e culturais”, cujo ponto mais alto ocorreu “com a grande reviravolta geo-estratégica, marcada pela descoberta de jazigos de minerais e hidrocarbonetos como o gás, na Bacia do Rovuma”.

Este facto, associado à exploração do carvão, à retomada da extracção de grafite e outros minerais colocou o país nas principais bolsas de valores internacionais, bem como houve um massivo investimento em infra-estruturas, que mudaram a face do nação e elevaram consideravelmente as expectativas dos cidadãos em relação à melhoria das suas condições de vida.

Todavia, por que as expectativas não eram e são cabalmente satisfeitas, “gerou-se um sentimento de exclusão, ou seja, apercepção de que a maioria esmagadora dos moçambicanos não estava a auferir [e não aufere] os ganhos desse crescimento”. Este sentimento cedo proliferou e criou-se a ideia de que existe o “nós versus eles, uma das mais complexas e profundas raízes de conflitos no mundo inteiro”, segundo Filipe Nyusi, que acredita que a causa de conflitos não é só a pobreza.

Na óptica do estadista, os processos democráticos, por exemplo, carecem de um de bate franco, aberto, com respeito e livre de quaisquer tipos de amaras, sobretudo as partidárias, para que os interesses da nação estejam, efectivamente, acima de quaisquer outros.

Em relação o dialogo político entre o Governo e a Renamo, Nyusi entende que “os consensos não podem ser resultado de simples arranjos, porque se eles não reflectirem as reais vontades populares, não poderão se revestir da necessária legitimidade para se fazer cumprir com a força da lei”. Neste contexto, a paz efectiva depende da “disposição para perdoar uns aos outros e para iniciar um processo genuíno de reconciliação”.

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