O grupo rebelde M23, da República Democrática do Congo (RDC), anunciou, esta terça-feira (5), o fim da insurgência de 20 meses contra o governo e disse estar pronto para buscar uma solução política, depois de o Exército congolês ter capturado os dois últimos redutos dos militantes numa área de montanhas.
O M23 fez a declaração horas depois de as forças do governo terem expulsado os rebeldes de Tshanzu e Runyoni antes do amanhecer, depois de uma ofensiva de duas semanas que encurralou os insurgentes nas montanhas de mata fechada ao longo da fronteira com Uganda e Ruanda.
“O chefe militar e os comandantes de todas as grandes unidades foram informados de que devem preparar as tropas para o desarmamento, desmobilização e reintegração, nos termos a serem acordados com o governo do Congo”, declarou o líder do M23, Bertrand Bisimwa, em comunicado.
Os Estados Unidos elogiaram a declaração como um “significativo passo positivo” para o leste do Congo, região conflagrada por mais de 15 anos de conflito alimentado pela disputa por ouro, cobre e cobalto, bem como tensões étnicas na região da fronteira.
No início da manhã desta terça-feira, um encontro de líderes regionais na África do Sul afirmou que o governo do presidente da RDC, Joseph Kabila, iria assinar um acordo de paz com os rebeldes dentro de alguns dias, se eles depuserem as armas.
Na capital, Kinshasa – bem distante da região -, milhares de mulheres vestidas de branco saíram em passeata entre o boulevarde central e o Parlamento, cantando canções de louvor a Kabila e ao Exército. A decisão marca uma dramática reviravolta para o líder de 42 anos.
Há apenas um ano, o M23 tinha expulsado as forças de paz da ONU e o Exército e tomado o controle de Goma, maior cidade do leste do Congo. Essa derrota levou a ONU a mandar para a região uma Brigada de Intervenção, de acção mais dura, e aumentar a pressão diplomática sobre os vizinhos Ruanda e Uganda para que não se intrometessem no conflito, o que mudou o rumo dos factos.
O M23 enfraqueceu com deserções e lutas internas. O chefe da missão de paz da ONU no Congo, Martin Kobler, disse que as forças vão voltar-se agora para dezenas de pequenos grupos que operam no leste, região onde o governo não consegue impor a lei, entre os quais o grupo hutu ruandês FDLR.
