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Deputados do partido Renamo acompanham Estado da Nação pela primeira vez em nove anos

Deputados do partido Renamo acompanham Estado da Nação pela primeira vez em nove anos

Foto de Adérito CaldeiraUma das poucas novidades do segundo Informe do Presidente Filipe Nyusi a Assembleia da República foi a presença dos deputados do partido Renamo durante o discurso apresentado nesta segunda-feira(19). “Ficamos na sala para mostrarmos a nossa vontade de ser parte deste processo de busca de um consenso rapidamente”, argumentou Ivone Soares a chefe da bancada do maior partido de oposição em Moçambique que saudou o facto do Chefe de Estado ter evitado “expressões que pudessem ferir a Renamo”.

Remonta a 2007 a última vez que os deputados da bancada do partido Renamo acompanharam Informe de um Presidente de Moçambique sobre o Estado da Nação, Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar explicou a jornalistas que a decisão foi como forma de “mostrarmos a nossa vontade de ser parte deste processo de busca de um consenso rapidamente, é um sinal que nós estávamos a lançar para todos os moçambicanos, para os membros do Governo da Frelimo, para a comunidade internacional de que nós estamos comprometidos com acções concertadas de busca da paz e não queremos de jeito nenhum que haja o perpetuar do sofrimento dos moçambicanos por via de guerra ou miséria que é oferecida ao povo nos últimos 40 anos”.

“A nossa grande expectativa era que antes do natal pudéssemos ter a boa nova que seria o depósito no Parlamento que iria viabilizar a descentralização do País, para que nas próximas eleições já pudéssemos participar cientes que os Governadores passariam a ser eleitos. Estávamos a espera que fosse anunciado o fim de qualquer confrontação e o regresso de todos os militares espalhados pelo País, que têm estado a entrar em confrontação com as forças residuais da Renamo que aguarda pela integração nas Forças de Defesa e Segurança, mas nenhuma destas boas novas foram aqui anunciadas”, acrescentou a Soares.

“Por outro lado anunciou(o Presidente Filipe Nyusi) esforços para que a paz volte, e nós esperamos que estes esforços não passem apenas de palavras mas que haja acções concretas que nos nos levem a acções efectivas” acrescentou a deputada que revelou que todos os membros da maior força de oposição “estão ansiosos para ver os frutos das promessas que foram feitas aqui hoje pelo Presidente Filipe Nyusi”.

De acordo Ivone Soares ainda é possível acabar com a guerra durante o mês de Dezembro todavia essa decisão “compete ao Chefe de Estado, na sua qualidade de Comandante em Chefe, de mandar regressar todos os militares que estão espalhados em Gorongosa e noutras partes do País para os quartéis”.

“Do lado do presidente Dlakhama eu devo garantir que há toda abertura para que o País entre pela rota de entendimento e que se construam as pontes, aliás é preciso notar que desde o primeiro momento em que começou o diálogo, entre a equipa do Governo e a equipa da Renamo, a iniciativa foi do presidente Afonso Dlakhama”, explicou a chefe da bancada parlamentar do maior partido de oposição que entende que o seu partido “não está a pedir o poder a Frelimo, a Renamo está a pedir que haja valorização daquilo que é a vontade do povo. Porque se formos a eleições o que nós estamos a pedir é que essas elas sejam transparentes”.

Presidente Nyusi “evitou expressões que pudessem ferir a Renamo”

Questionada sobre a possibilidade de acontecer muito em breve o encontro entre o Presidente de Moçambique e o líder da Renamo, vontade enfatizada por Filipe Nyusi no seu Informe, mesmo que ainda não tenham sido acordados dois os termos que estão a ser negociados pelas suas equipas, Ivone Soares declarou que não há confiança para que o mesmo aconteça. “A serra da Gorongosa continua fortemente cercada e depois daquela tentativa de sair da Gorongosa para as negociações em que houve o cerco a residência do presidente Afonso Dlakhama(na cidade da Beira), as motivações que poderiam levar ao presidente e ao partido a dar este passo são mínimas porque não há ainda confiança”.

Foto de Adérito Caldeira“Porque se houvesse confiança teríamos momentos em que o presidente dirige directamente as delegações, interage, traça planos presencialmente, mas neste momento não há condições para que haja esta passagem segura de um e de outro lado, porque o Governo insiste em manter posições militares fortemente armadas e não se sabe com que intuito. Intuito de dizer boas vindas ao presidente Dlakhama não deve ser”, constatou a deputada.

Instada a comentar o segundo Informe do Presidente Nysui, Ivone Soares afirmou que era expectativa da sua bancada que “neste Informe fosse anunciado um pacote que pudesse ajudar a todas as populações que estão neste momento numa situação de penúria e miséria total”.

“Eu senti que foi um discurso que tentou acalmar os corações das pessoas, não fez questão de fazer acusações de ataques protagonizados alegadamente pela Renamo, evitou expressões que pudessem ferir a Renamo e temos que dizer que procurou ter uma postura de chefe de todos e não chefe da Frelimo”, acrescentou.

Todavia Ivone Soares, tal como a maioria dos moçambicanos não entendeu o que o Chefe de Estado pretendeu ao concluir que “A Situação Geral da Nação mantém-se firme”.

“Não percebi o que é isto da situação geral da Nação mantém-se firme. Porque firme numa altura em que estamos com muitos problemas não estou a perceber. Firme nesta situação de falta de paz, firme na falta de condições para os funcionários públicos terem uma vida condigna, firme nsta condição dos moçambicanos continuarem sem emprego? Eu tenho que perceber se este firme era filosófico e o que ele pretendia dizer numa altura em que o País está de gatas, estamos todos preocupadíssimos porque ninguém sabe o que vai ser o dia de amanhã e a única nota de esperança é esta vontade que ele anunciou de criar espaço para que todos se sintam moçambicanos e válidos para colaborarem e contribuírem para o desenvolvimento do País”, analisou a chefe da bancada parlamentar do partido Renamo.

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