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Davos pede a Obama não atuar de forma unilateral na regulação bancária

O projeto de reforma bancária do presidente Barack Obama – um dos temas mais comentados no Fórum de Davos que concluiu este domingo, motivou um pedido quase unânime: o de que a nova regulação do setor seja coordenada em nível mundial.

“Devemos atuar com regras mundiais para tratar dos problemas mundiais. Isso é absolutamente essencial. Caso contrário, avançamos para uma catástrofe”, declarou no sábado o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, ao resumir a sensação dos dirigentes presentes na 40ª edição do Fórum Econômico Mundial (WEF) celebrado nos Alpes suíços.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, também se manifestou no mesmo sentido: “Foram feitas propostas espetaculares e parabenizou a vontade política ainda presente”, afirmou, referindo-se ao plano Obama. “Mas temo que esqueçamos uma lição essencial da crise, que é a coordenação. Tenho medo que não nos encaminhemos nessa direção”, acrescentou.

Durante a sessão de encerramento do 40º Fórum Econômico Mundial, tanto banqueiros como empresários expressaram otimismo moderado em relação ao ano que começa. Parece haver um consenso de que a situação global está melhor do que há 12 meses, mas ainda há problemas a serem enfrentados, como a fragilidade demonstrada pela recuperação observada até agora e o aumento do desemprego.

Durante a primeira cúpula do G20 de potências industrializadas e emergentes sobre a crise mundial, realizada em Londres, em abril de 2009, os líderes mundiais deram um mandato a duas instituições internacionais, o Comitê de Estabilidade Financeira (FSB) e o Comitê de Basileia, para que se encarregassem de elaborar uma reforma financeira. O tema ficou em seguida relegado a um segundo plano porque os governos se concentraram na reativação de sua economia, em plena recessão.

A cúpula do G20 de Pittsburgh (EUA) de setembro voltou a colocar a questão na mesa, e pouco depois a França e o Reino Unido pediram um “pacto mundial de longo prazo” para a regulação bancária. Isso, antes de o presidente Obama ter ido muito mais longe, em 21 de janeiro deste ano, ao anunciar seu projeto de limitar o tamanho dos bancos e proibir a eles certas atividades nos mercados para frear o excesso de riscos.

Esta iniciativa desagradou aos europeus, que veem nela uma violação dos princípios afirmados pelo G20, em primeiro lugar a coordenação. Na abertura de Davos, o presidente francês Nicolas Sarkozy disse estar de acordo com Obama, mas advertiu para o risco de uma ação isolada dos Estados Unidos. Do lado do setor privado, vários grandes banqueiros e empresários criticaram as propostas americanas, mas à medida que avançava o Fórum preferiam aceitar a ideia de uma regulação reforçada com a condição de ser harmonizada em nível internacional.

“Reconhecemos a necessidade de mudança, mas se a regulação não puder ser idêntica em todos os países, é necessária uma coordenação internacional. Necessitamos de consistência”, declarou o presidente da grande companhia de seguros britânica Tidjane Thiam. Josef Ackermann, presidente do Deutsche Bank, se somou a este pedido: “Todos sabemos que é preciso fazer algo para restaurar a confiança, mas é absolutamente necessária uma harmonização a nível mundial das regulamentações e a fiscalidade”, concluiu.

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