Grupos curdos reunidos no sudeste da Turquia fizeram um chamado pela autonomia em meio a pesadas lutas na região em uma operação de segurança feita pelo exército turco em que mais de 200 militantes da etnia foram mortos. O Congresso Democrático do Povo, formado por organizações não-governamentais curdas, fez o chamado depois de dois dias de reuniões em Diyarbakir.
“A legítima resistência do nosso povo contra as políticas que degradam o problema Curdo é essencialmente a demanda e luta pela autonomia e a democracia local”, diz a resolução final do encontro, intitulada “Declaração de resolução política visando a autonomia”.
A declaração pede a formação de uma região autónoma incluindo várias províncias vizinhas de Diyarbakir para incluir afinidades culturais, econômicas e geográficas. A declaração pode aumentar as tensões entre os cursos e o governo turco, já que este se opõe totalmente a um estado curdo independente.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, afirmou em um discurso no último sábado que a Turquia jamais permitirá a formação de um outro estado dentro das suas fronteiras.
“Agora eles estão a falar de separar a nossa terra neste país. Com a permissão de Deus, jamais permitiremos uma cirurgia na unidade de nosso país”, disse Erdogan.
O primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu cancelou um programado encontro com o pró-curdos Partido Democrático do Povo no sábado afirmando que suas políticas tinham como base a violência, no momento em que as forças governamentais prosseguiam com uma operação de segurança nos estados predominantemente curdos do sudeste do país.
O Exército confirmou no sábado que mais de 200 militantes curdos foram mortos nas duas últimas semanas. No domingo, o Exército informou que três soldados foram mortos em um ataque à bomba feito pelo grupo militante curdo Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK).
A Turquia está alarmada com os ganhos territoriais dos curdos na guerra civil síria, e teme que isso pode aumentar os sentimentos separatistas da sua própria minoria curda. Nas últimas três décadas, Ancara vem tentando terminar com a insurgência dos soldados do PKK, que é classificado como terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Dois anos de cessar-fogo entre os militantes curdos e o governo turco terminaram em julho, levando o sudeste turco de volta ao conflito de 30 anos que matou mais de 40.000 pessoas.