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Cruz Vermelha visita prisão síria; governo mantém repressão

A Síria abriu a sua principal prisão em Damasco a inspetores da Cruz Vermelha, disse a organização na segunda-feira, numa visita que pode ajudar a esclarecer o destino de milhares de pessoas detidas desde o início da onda de protestos contra o presidente Bashar al Assad, há cinco meses.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que os seus funcionários visitaram presos na penitenciária de Adra, um subúrbio de Damasco, num “importante passo adiante” para o exercício das atividades humanitárias da agência na Síria. “As autoridades sírias concederam ao CICV acesso ao local de detenção pela primeira vez. Inicialmente, teremos acesso a pessoas detidas pelo Ministério do Interior, e tomara que em breve possamos visitar todos os detentos”, disse o presidente do CICV, Jakob Kellenberger, em nota divulgada ao final de uma visita de dois dias a Damasco.

Em simultâneo mesmo tempo, as forças sírias iniciaram sua maior ofensiva desde junho contra os manifestantes no noroeste do país, matando um civil na fronteira com a Turquia. Em Londres, o primeiro-ministro David Cameron disse ao Parlamento britânico que Assad perdeu toda a sua legitimidade, e, a exemplo do que já fizeram outros governos europeus e os EUA, disse que ele deve renunciar para que a Síria se torne uma democracia, após quatro décadas de regime autoritário.

A Síria está cada vez mais isolada internacionalmente devido à repressão aos protestos. Na segunda-feira, a agência egípcia de notícias Mena disse que o chefe da Liga Árabe, Nabil Elaraby, visitará Damasco na quarta-feira, para transmitir ao governo local a preocupação das nações árabes com a situação na Síria.

Ativistas de direitos humanos dizem que dezenas de milhares de pessoas já foram presas desde o início dos protestos, e a ONU estima que 2.000 civis já tenham sido mortos. Segundo os ativistas, muitos dos presos políticos estão sendo mantidos em delegacias, fora do alcance do CICV, cujos relatórios são confidenciais. Os ativistas dizem também que a deserção do procurador-geral da cidade de Hama, alvo de um ataque militar no mês passado, poderia revelar detalhes dos abusos aos direitos humanos, incluindo tiros e torturas contra prisioneiros.

Um advogado sírio, que pediu anonimato por temer represálias, disse que a Cruz Vermelha precisa ter acesso também a prisões clandestinas para poder avaliar a amplitude das violações aos direitos humanos no país. “A prisão central de Damasco é principalmente para casos criminais, e não políticos. A maior parte das torturas mais feias acontece nos porões das unidades da polícia secreta que comandam a repressão, como a Inteligência Militar e a Inteligência da Força Aérea”, disse essa fonte.

As autoridades sírias não revelam o número de detidos no país, mas anteriormente negaram que existam torturas, e disseram que todas as prisões ocorrem conforme determina a Constituição. Em um novo ataque dos militares contra focos de manifestantes, um ferreiro de 24 anos foi morto por franco-atiradores do Exército quando havia acabado de cruzar a fronteira para entrar na Turquia, nos arredores da aldeia de Ain al Baida, segundo relato feito à Reuters por um primo da vítima.

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