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Crocodilos aterrorizam residentes de Goba

A população da localidade de Goba, posto administrativo de Changalane, província de Maputo, sul de Moçambique, está preocupada com a infestação de crocodilos no rio Calichane, um dos afluentes do rio Umbelúzi.

As pessoas fazem-se ao rio para buscar água e tomar banho, visto que aquela região ainda não tem água canalizada e, geralmente, é precisamente nessas ocasiões que acabam sendo vítimas dos crocodilos.

O rio Umbelúzi nasce no Reino da Swazilândia e tem como principais afluentes, os rios Black M´buluzi e o White M´buluzi, que confluem com o rio principal aproximadamente a 22 quilómetros quadrados da fronteira da localidade Goba, onde o rio entra em Moçambique.

Os principais afluentes do rio Umbelúzi no território nacional são o rio Calichane que aflui no Umbelúzi na barragem dos Pequenos Libombos e o rio Movene a jusante da barragem.

Neste momento, o rio tem muita água, na sequência das chuvas registadas no início do ano. Carolina Fernando Mauelele, líder comunitária em Goba contou a AIM que oito pessoas morreram quando se faziam ao rio para buscar água, tomar banho ou durante a travessia para o outro lado da margem durante o corrente ano.

“Aqui há muitos crocodilos que estão a tirar-nos o sono. Atacam as pessoas quando vão ao rio buscar água, tomar banho e quando fazem a travessia para o outro lado. Este ano oito pessoas já morreram porque não há outro sítio senão o rio onde podemos tirar água” contou a líder comunitária.

Os residentes de Goba contam que para não sofrerem ataques de crocodilos, quando se fazem ao rio vão em grupo de três ou mais pessoas.

Segundo Salbeta Matusse, enquanto uma tira água ou toma banho, as restantes, batem a água com paus para afugentar os crocodilos.

Na hora da retirada do local, as pessoas são obrigadas a recuar de costas voltadas para a terra, como forma de tentar controlar o movimento dos crocodilos.

“Muitas pessoas morrem aqui por causa dos crocodilos. Nós não queremos ser mais atacados, por isso, decidimos que quando vamos ao rio devemos ir em grupo de três pessoas no mínimo e com paus. Enquanto um tira água ou se banha, os outros com o pau batem a água para os crocodilos não se aproximarem. Quando terminamos, para sair, fazemos de costas, a olhar para o rio, para o crocodilo não nos atacar” contou.

Cansados de ataques, os residentes solicitaram a presença de caçadores de crocodilos que prontamente se fizeram ao terreno e conseguiram capturar um com seis metros de comprimento. O administrador do distrito de Namaacha, Domingos Junqueiro, reconheceu a existência de casos de ataques de crocodilos e explicou que entres os meses de Janeiro e Fevereiro deste ano houve muitos casos devido a chuvas.

“Os crocodilos atacam mais no período chuvoso. Os meses de Janeiro e Fevereiro registaram muito casos de ataques de crocodilos devido às chuvas que aumentaram o caudal dos rios. Com os rios cheios, muitos crocodilos escapam da Swazilândia e entram nos riachos onde a população pensa que pode tomar banho e buscar água” explicou.

Junqueiro disse ter conhecimento de apenas três casos de ataques de crocodilos registados este ano em Goba, dos quais apenas um resultou em óbito.

“Pode haver outros casos que não tenham sido reportados às autoridades, mas só temos conhecimentos de três casos” frisou. Junqueiro revelou que “houve casos que presenciamos. Um deles é de um jovem que atravessava o rio e o animal atacou-lhe e acabou por perder a vida e outro é de uma criança que foi imediatamente acudida”.

Segundo o administrador, a empresa Enterprise, que se dedica a criação de crocodilos é chamada a recolher os animais quando há casos de ataques frequentes.

“É desta forma que mitigamos os casos”, explicou o administrador. Na ocasião, o administrador disse que a solução ideal seria a construção de uma vedação para permitir que as pessoas possam tomar banho no rio em segurança.

“Geralmente os crocodilos atacam quando as pessoas vão tomar banho e uma das precauções é fazer uma vedação para que a população fique livre de tomar banho e buscar água” referiu, sublinhando que “colocamos a vedação no local”.

Em relação a travessia, Junqueiro disse que as pessoas usam atalhos, que atravessam o rio, para chegar ao bairro Muchangulene, Mafavuca e Mahelani e é nessa altura que ocorrem vários ataques.

Para resolver o problema foi construída uma ponte metálica. Entretanto, a população continua a usar os atalhos disse a AIM, Ananias Marcos, um jovem residente em Goba, como forma de reduzir a distância para a paragem do comboio, localizada nas proximidades.

Por isso, pedem a transferência da paragem para onde foi construída a referida ponta. De salientar que o conflito homemanimal em Moçambique é preocupante.

Anualmente dezenas de vidas são perdidas, com os crocodilos liderando a lista dos animais mais problemáticos, que integra igualmente, cobras, elefantes e leões.

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