O novo presidente americano espera duros desafios para remendar a economia daquela que é a maior potência do mundo. Obama recebe o país numa situação fi nanceira não saudável. O cenário que espera o 44º presidente americano é mais assustador que o do seu antecessor.
Além de ter de lidar com a crise financeira, Obama terá de cumprir as suas promessas de mudança. Para completar, está encarregado também da tarefa de melhorar a imagem dos americanos no exterior, que parece estar desgastada.
Embora a crise financeira americana, que depois se alastrou pelo mundo fora, esteja relativamente controlada com a aprovação do pacote de 700 milhões de dólares injectados para salvar os bancos que estavam à beira da falência, ele terá de enfrentar um grande desafi o para evitar que cenas identicas se repitam.
Obama terá de defi nir um paradigma económico a vigorar nos EUA, o qual vai permitir a intervenção do Estado na economia do mercado, diferente do que vigorava nos últimos anos – a liberalização do mercado e a desregulação dos indicadores macroeconómicos. Portanto, não havia disciplina no mercado bancário americano, situação agravada com a introdução do “subprime” (crédito imobiliário de maior risco). Todavia, apesar de Obama estar a favor da regulação (defendeu várias vezes durante a sua campanha) tem uma pedra no sapato, porque com a regulação da banca o papel do Dólar poderá fi car enfraquecido, abrindo, assim, espaço para a desaceleração da economia americana.
O economista moçambicano Magid Ossumane, que igualmente defende a ideia de regulação do mercado, considera que os americanos deverão desde já começar a controlar o seu consumo, pouparem mais para investirem em infra-estruturas auto-fi nanciando-se. O outro problema tem a ver com a enorme dívida que Obama herdou – o valor destinado ao pacote para tirar o país da crise fi nenceira. Aliado a isso, está o défi ce orçamental. No fi m de Setembro, os EUA fecharam o exercício orçamentário de 2008 com um défi ce recorde de 455 bilhões de dólares. A previsão é de que o défi ce supere 1 trilhão de dólares no exercício 2009, que começou no início de Outubro.
Para fazer frente a este defíce, Obama prometera, durante a sua campanha, alargar a base tributária sem, no entanto, aumentar os impostos. Ele propõe uma reforma tributária, onde as famílias com renda anual superior a 250 mil dólares terão de pagar mais impostos. As restantes famílias (com renda inferior a 250 mil dólares) pagarão menos, com vista a diminuir as desigualdades e aumentar o crescimento económico de uma forma mais vigorosa, com mais gente benefi ciada pela expansão do PIB. Porém, a estratégia de Obama é duramente criticada pelos economistas mais conservadores, que advertem que, aumentando os impostos dos mais ricos, os investimentos poderão cair. Esperemos para ver.