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Município de Nampula continua sem água corrente

Município de Nampula continua sem água corrente

Desde a última sexta-feira, 30 de Agosto, agudizou-se o acesso a água potável na cidade de Nampula devido à interrupção do seu fornecimento pelo Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG), que não sabe dizer quando o precioso líquido voltará a jorrar nas torneiras dos nampulenses. O drama vivido pelas famílias tem sido notável em todos bairros, sobretudo nas zonas de Murrapaniua, Namicopo e Natikiri. Até as unidades sanitárias estão a ser afectadas com os serventes a procurarem água em fontes alternativas, e sem tratamento, para assegurar a continuidade dos serviços médicos.

A restrição do abastecimento do precioso líquido é um problema antigo na urbe da capital do Norte, porém, desta vez atingiu contornos alarmantes porque os munícipes foram apanhados desprevenidos. Poucas pessoas dispunham dos seus reservatórios aprovisionados.

Entretanto, a instituição dirigida por Castigo Cossa explica o sofrimento dos residentes dizendo que a suspensão dos serviços se deve à substituição e conexão de novas condutas adutoras na estação de bombagem número um, que assegura o transporte de água àquele ponto da província. E não se sabe ao certo quando é que o problema será totalmente ultrapassado.

Na cidade de Nampula existem cerca de 600 mil habitantes e o FIPAG fornece água a 23.288 cidadãos ligados às redes domésticas, para além de 453 fontanários públicos. Neste momento da crise, o grosso dos munícipes afectados pela crise recorre a furos privados, aos rios – e consome esse líquido vital sem o devido tratamento, o que constitui um atentado à saúde pública – e aos poços tradicionais.

Na sua ronda por alguns bairros, o @Verdade constatou que a situação é crítica, uma vez que as pessoas percorriam longas distâncias com baldes e bidões à procura do líquido em causa. Quando a água parou de jorrar na sua torneira, Beatriz Paulo, de 32 anos de idade, residente no bairro de Natikiri, viu-se obrigada a acordar às 04h:00 para correr atrás do precioso líquido. Apesar de estar grávida, não tem como evitar o percurso de cerca de dois quilómetros para o efeito. Depois das 09h:00 descobriu um poço numa residência, algures no bairro de Murrapaniua e respirou de alívio.

No bairro de Natikiri, dezenas de famílias mobilizaram inclusive crianças para em conjunto irem atrás de água nos bairros circunvizinhos. Luísa David, de 38 anos de idade, contou-nos que nas primeiras horas desta segunda-feira, 03 de Setembro, ela e a sua vizinha, Guilhermina João, de 27 anos de idade, foram buscar o precioso líquido num poço tradicional sito no bairro de Napipine, a um preço de cinco meticais o bidão de 25 litros.

No bairro de Carrupeia, Elisa Mulhia, de 31 anos de idade, ficou três dias sem água suficiente para os seus afazeres. Nos lugares por onde passou, enquanto nuns não havia nada, noutros as pessoas se acotovelam para conseguir alguns litros do líquido vital.

No bairro de Muahivire, encontrámos crianças e adultos com baldes e bidões na cabeça idos de algures e aparentemente fatigados devido às distâncias percorridas. Alguns citadinos dirigiram-se à zona da Cerâmica com o intuito de obter água a partir dos furos lá disponíveis, mas todas as torneiras estavam secas.

Em Namicopo, por sinal a área mais populosa da cidade de Nampula, o drama era o mesmo. A lufa-lufa era intensa e o fim foi recorrer a água imprópria. As unidades sanitárias da capital do Norte não escaparam à crise. Os serventes carregaram baldes água de algures para os seus locais de trabalho com vista a assegurar a continuidade dos serviços médicos. Alguém já imaginou um hospital sem água?

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