A ofensiva final contra Laurent Gbagbo está em curso na Costa do Marfim. Tiros de artilharia pesada começaram a ser ouvidos na manhã desta quarta-feira nos arredores da residência do presidente derrotado nas eleições, onde ele está refugiado. As forças do presidente eleito, Alassane Ouattara, entraram na casa de Gbagbo esta manhã para capturá-lo. A França não participa dessa operação.
Pressionado pela ONU e pela comunidade internacional, representada pela França, o ex-chefe de Estado se recusa a deixar o poder e sua residência. As condições para sua rendição eram a última etapa para concluir as negociações, disse na manhã de hoje o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé.
Segundo o chanceler, a França pediu à ONU para garantir a integridade física de Gbagbo e de sua família. Juppé se recusou a confirmar um eventual exílio de Gbagbo para a Mauritânia. O chanceler francês considerou ainda um “absurdo” a resistência de Gbagbo que não tem mais apoio do Exército e está isolado em sua residência transformada em uma fortaleza.
Segundo a imprensa francesa, além de proteção da ONU, Gbagbo exige continuar em sua casa luxuosa em Abidjan. A hipótese é rejeitada pelo presidente eleito e reconhecido pela comunidade internacional, Alassane Ouattara. Outro obstáculo é o fato de Gbabgo não reconhecer a vitória de seu rival nas urnas.
Em entrevista à Rádio França Internacional na noite de terça-feira, Laurent Gbagbo tinha negado que estava negociando sua rendição e denunciou os bombardeios aéreos pesados que sofre por parte das forças francesas. Segundo o chefe das Forças Armadas francesas, Edouard Guillaud, a saída de Gbagbo é uma questão de horas e pode ser definida ainda durante o dia.
Na entrevista à RFI, Gbagbo disse que ele e sua família sofriam bombardeios aéreos pesados por parte das forças francesas. “Elas destruíram todos os blindados que tínhamos, em todos os locais, incluindo a residência do presidente da República. Destruíram nossos depósitos de munição, a tevê estatal e a rádio.” Gbagbo declarou que não tinha planos de sair de Abidjan.