Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Conflitos internos põem em causa a credibilidade do Observatório Eleitoral

Um clima de conflito de interesses está instalado no seio do Observatório Eleitoral (OE) e a assombrar o processo conduzido por este e que culminou com a eleição de 16 candidatos a membros da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em representação da Sociedade Civil. Em causa estão as “candidaturas paralelas” apresentadas por alguns associados do Observatório Eleitoral, nomeadamente o Conselho Cristão de Moçambique (CCM) e o Centro de Estudos de Democracia (CEDE), que indicaram, respectivamente, Leonardo David Massango e Sheik Abdul Carimo como seus candidatos a membros da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

No entanto, a atitude destas duas agremiações de apresentar seus próprios candidatos à Comissão Ad-Hoc da Assembleia da Repúblicas (AR), órgão que está a conduzir o processo das candidaturas ao nível do Parlamento, para além de contrariar o princípio de transparência e credibilidade, que levou o OE a tomar a dianteira nesse processo, está a deixar preocupadas as associações que por via deste organismo submeteram as suas candidaturas.

É que, entendem as associações, as organizações que compõem o OE, particularmente o CCM e a CEDE, deviam, querendo, ter submetido as suas candidaturas usando o mesmo canal de selecção que elas usaram como forma de garantir a transparência ou invés de fazê-lo à parte.

Entretanto, o porta-voz do OE e também membro da CCM, Boaventura Zita, tenta desdramatizar a situação explicando que a apresentação das candidaturas, por parte das associações integrantes do OE, visava salvaguardar os interesses de garantir que a sociedade civil submetesse a tempo os seus candidatos.

“O prazo para a selecção dos candidatos estava apertado e era lícito as organizações que tivessem tudo preparado avançassem com o processo”, justificou, durante uma entrevista concedida ao @Verdade na presença de mais dois membros da Observatório Eleitoral.

Porém, apesar desta “explicação” de Boaventura Zita, a ideia de conflito de interesses no seio do OE continua subjacente e ganha mais eco quando se tem em conta que alguns membros deste órgão estão insatisfeitos com as posições dos seus pares.

Alice Mabote, presidente da Liga dos Direitos Humanos (LDH) e também membro do OE, é uma das pessoas que não se têm mostrado favorável à forma como o processo está a ser conduzido. Importa referir que Mabote já ameaçou abandonar o Observatório Eleitoral “caso o Conselho Cristão de Moçambique não mude de comportamento”.

Na altura, Mabote fez questão do recordar que, durante as últimas eleições havidas em 2009, o Conselho Cristão teria indicado, à revelia dos seus colegas da OE, candidatos para integrarem a Comissão Nacional de Eleições. Procedimento que se está a repetir este ano.

Estranho ainda é o facto de a candidatura de Abdul Carimo, que vem em nome da CEDE, ter sido efectuada sem o seu conhecimento, nem consentimento, em virtude de ele estar fora do país. Carimo ficou a par do assunto através de jornais, o que alimenta mais a ideia de divergência de ideias no seio da agremiação.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!