O conflito laboral entre operadores portuários e estivadores em Portugal voltou a intensificar-se nesta quarta-feira após um novo cruzamento de declarações entre os porta-vozes de ambas partes, com ameaças de demissões maciças e novas greves.
De facto, a Polícia portuguesa enviou um grupo de agentes às cidades do Porto e de Lisboa para evitar distúrbios na zona, onde hoje se prevê que sejam retirados cerca de 2.000 contentores que se encontravam retidos há cerca de um mês.
Os estivadores portugueses encontram-se em greve desde o passado 20 de Abril e esta foi prolongada sucessivamente até ao próximo 16 de Junho devido à falta de acordo com a empresa.
A mobilização -que se centra no trabalho extra, fins-de-semana e feriados- chegou inclusive a provocar problemas de abastecimento na indústria agro alimentar portuguesa, dependente de receber por via marítima matérias-primas chave para o sector.
Na terça-feira, o representante da Associação de Operadores do Porto de Lisboa explicou à imprensa portuguesa que a situação é “limite” e que avançarão com “um processo de despedimento colectivo” para reajustar o elenco que poderá afectar mais de 300 pessoas.
Os estivadores, por sua parte, responderam alargando as interrupções até ao próximo 16 de Junho, data para a qual convocaram uma manifestação contra o parlamento. Os sindicatos que representam estes trabalhadores qualificaram de “ameaça” o anúncio realizado pelos operadores portuários e acusaram os empresários de impedir os empregados de aceder ao seu lugar de trabalho -a greve é só nas horas extra- para lhes atribuir toda a culpa.
Além da actualização dos salários, os estivadores reivindicam o fecho de uma empresa paralela criada pelos operadores que, segundo denunciaram, contrata pessoal com salários muito inferiores para realizar as suas próprias tarefas.
A polémica entrou no debate político e inclusive o chefe de Estado, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou a importância dos portos numa área sensível da economia nacional como são as exportações.
À mobilização dos estivadores de Lisboa somaram-se esta semana o grupo de trabalhadores portuários de todo o país -a maioria relacionados com trabalhos de administração-, que anunciaram também uma greve ao nível nacional para a primeira semana de Junho.