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Começo tardio da captura de camarão torna sua comercialização insustentável

O começo tardio da captura do camarão no Banco de Sofala, devido à veda prolongada, está a tornar o negócio de pesca e venda deste marisco insustentável, apesar da boa qualidade do crustáceo das águas nacionais, segundo armadores.

Em 2008, o Governo ampliou o período de defeso naquela região, dos anteriores dois para seis meses. Antes, proibia-se a pesca entre Janeiro e Fevereiro, mas, com a medida tomada naquele ano, o prazo decorre de Outubro a Março, para permitir maior multiplicação da espécie.

Segundo o jornal Diário de Moçambique, António Schwalbach, um dos armadores presentes esta quarta-feira no encontro de apresentação dos resultados da avaliação das capturas de camarão no Banco de Sofala em 2010, afirmou que várias empresas fecharam as portas. Com a actual conjuntura internacional, o camarão nacional, apesar de ser de grande qualidade no mercado externo, está a ter pouca aceitação. Referiu que se a campanha de captura de camarão iniciasse cedo, os armadores atingiriam o auge das capturas em Março ou Abril, o que ia permitir ter maior sustentabilidade.

Disse também que nos últimos tempos, o camarão moçambicano está a perder vantagem competitiva no mercado internacional devido aos preços baixos praticados pelos outros países, onde os armadores têm incentivos e benefícios dados pelos seus governos. “O camarão moçambicano é dos melhores do mundo, mas não tem vantagens porque os outros praticam preços baixos devido às benesses concedidas pelos seus governos”, disse, acrescentando que o Governo moçambicano dá apenas é o desconto de 50 por cento nos impostos de combustível, o que não produz o impacto que se deseja no processo de produção.

Revelou que o desejo dos armadores, e que já foi levado ao conhecimento do Governo, é o da isenção de todos os impostos aplicados nos combustíveis e outras taxas no processo de importação das mercadorias para tornar o produto nacional mais competitivo no mercado mundial.

Entretanto, o director adjunto do Instituto de Investigação Pesqueira (IIP) de Moçambique, Atanásio Brito, que apresentou os resultados da avaliação das capturas de camarão em 2010, afirmou que, durante o ano passado, o nível de produção deste sector atingiu cerca de sete mil toneladas, o que representa um aumento de cinco por cento em relação ao ano anterior.

Referiu que as medidas que estão a ser implementadas pelo IIP desde 2008 para permitir a maior produtividade da espécie estão a surtir efeitos desejados, mas reconheceu que persistem problemas de rendibilidade económica nas capturas deste marisco, devido ao elevado número de embarcações que operam no banco de Sofala.

Segundo ele, cada barco devia conseguir capturar 120 toneladas de camarão por campanha ou 1,5 toneladas por dia, mas por causa do maior número de barcos a operar, as quantidades capturadas baixaram.

Explicou que está em curso um trabalho para a redução do número de embarcações no banco de Sofala reduza para 42, contra os 48 existentes neste momento.

Em 2006, trabalhavam naquela região 80 barcos, número que foi reduzido para permitir o melhor desenvolvimento da espécie.

“A Ampliação da veda e a redução do número de barcos está a contribuir para que a espécie apresente um stock biologicamente bom e com um peso considerável como o que está a acontecer neste momento”, disse, acrescentando que o camarão capturado agora tem sete gramas contra os cinco e três das anteriores campanhas.

Das cerca de sete mil toneladas de camarão produzidas no ano transacto, 5.256 referem-se à pesca industrial, 1.400, artesanal e 77, semi-industrial. A maior parte desta produção (cerca de 90 por cento), é vendida no mercado europeu.

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