Vive-se uma anarquia de bradar aos céus na campanha eleitoral para as eleições intercalares na cidade de Pemba, que se iniciou, última Terça-feira. O MDM acusa o partido no poder, a Frelimo, de estar a instrumentalizar todos os órgãos, incluindo a Polícia e a Procuradoria-Geral, para agir de forma parcial naquele ponto do País.
De acordo com o porta-voz do MDM, José Manuel de Sousa, o comandante da segunda esquadra da capital de Cabo Delgado mandou libertar uma cidadã membro do partido Frelimo e funcionária da empresa ECMEP, que foi surpreendida a vandalizar o material de campanha do MDM e do seu candidato a presidente do Município, Assamo Tique.
Como tudo aconteceu
Tudo começou quando membros do MDM encontraram a cidadã em causa a rasgar panfletos do MDM e do seu candidato. A funcionária, por sinal da ECMEP em Nampula, mas nessa altura em Pemba, foi levada pelos membros do MDM à segunda esquadra para que se abrisse um processo.
Chegados lá, a mesma informou à Polícia que estava a vandalizar os panfletos em cumprimento de ordens vindas do seu patrão, e no caso, o delegado/director da ECMEP em em Pemba.
Os membros do MDM, que na altura faziam-se acompanhar pelo respectivo secretário-geral, Luís Boavida, pediram que a Polícia mandasse chamar o patrão, ou seja, o delegado da ECMEP. De pronto o fizeram e minutos depois o suposto mandante da vandalização estava na esquadra. Aí negou tudo.
E nem sequer um processo foi aberto, porque os agentes que lá estavam informaram que o delegado era um “chefe” e nada se podia fazer contra ele. A ECMEP é uma empresa do Estado.
Comandante estava a fazer campanha
Perante a “incapacidade” dos agentes, de abrirem um processo, o secretário-geral do MDM pediu que chamassem o comandante da esquadra para que o assunto fosse tratado entre “chefes”.
O comandante foi a correr à esquadra e para a surpresa dos membros do MDM, o mesmo, que devia estar a representar o Estado, estava a fazer campanha da Frelimo, pois vinha trajado de uma camisete de campanha da Frelimo, apelando para que se vote no candidato dos “camaradas”.
Entretanto, o secretário-geral do MDM, exigiu que se abrisse um processo contra o comandante da esquadra, o que também não aconteceu porque também era “chefe” dos agentes.
O procurador tem medo dos chefes
Enquanto decorria a discussão sobre abertura de um processo contra os “chefes”, eis que aparece o procurador da República de Pemba que foi à esquadra para tratar assuntos profissionais.
O secretário-geral do MDM, aproveitou a ocasião para lhe contar o que se estava a passar, mas o procurador também mostrou-se “incapaz”, alegadamente porque carecia de mais elementos. Retirou-se imediatamente da esquadra.
Ao Canalmoz, o porta-voz do MDM disse que poderá contactar a qualquer momento o ministro do Interior para lhe colocar a questão.
Contactado a partir de Lisboa, solicitado pela RDP África, emissora portuguesa, a pronunciar-se sobre esta matéria, o comandante da tal esquadra, onde se deu a ocorrência ,negou as acusações ainda que a cidadã que estava a destruir os panfletos do MDM tenha sido apanhada em flagrante delito e a Polícia se tenha recusado a abrir o respectivo processo.