Mais uma coluna de viaturas civis, escoltada por soldados das Forças Armadas (FADM) e agentes das Forças de Intervenção Rápida (FIR), foi atacada por homens armados, não identificados, na Estrada Nacional nº1, no centro de Moçambique, cerca das 20h30. Este foi o segundo ataque nesta segunda-feira (24) a uma coluna de viaturas civis com escolta.
O primeiro ataque aconteceu cerca das 6 horas no troço da EN1 no distrito de Chibabava, alguns quilómetros antes do local onde na sexta-feira aconteceu o primeiro ataque armado na província central de Sofala, quando um coluna com mais de três dezenas de viaturas foi alvejada.
A pronta resposta da escolta afugentou os homens armados, que desapareceram na mata. Pelo menos dois autocarros de transporte de passageiros, uma viatura ligeira e uma das viaturas blindadas dos militares foi atingida. Não há indicação de vítimas.
Durante o dia o tráfego rodoviário não foi interrompido porém as escoltas foram reforçadas.
Entretanto esta noite, enquanto o Presidente Armando Guebuza falava pela Televisão nacional sobre os 38 anos da Independência nacional que nesta terça-feira (25) serão comemorados em Moçambique, um coluna de viaturas que mesmo com a escuridão resolveu seguir viagem a partir do rio Save em direcção ao centro e norte do país foi alvejada com tiros de metralhadoras quando transitava pela EN1 no troço entre o rio Muari e o rio Gorongoza.
Esta segunda coluna terá sido muito imprudente pois desde os ataques armados começaram na passada sexta-feira (21), fazendo duas vítimas mortais, o tráfego rodoviários na EN1, no troço entre Muxúnguè e o rio Save, em colunas escoltadas tem acontecido entre o raiar e o pôr do sol (entre as 6 horas e as 17 horas).
Mais cedo o Governo confirmou o ataque desta manhã, pelo voz do Ministro do Interior, Alberto Mondlane, à saída do Conselho de Ministro convocado para esta segunda-feira. Mondlane reiterou que esses ataques são protagonizados pelos homens da Renamo e disse que o Governo mais do que perseguir vai apostar no diálogo com a Renamo com vista a pôr fim a esses actos de violência. Recorde-se que o Ministro do Interior já havia afirmado, sem apresentar provas, que o ataque a um paiol na mesma região fora da autoria de homens da Renamo.
Comboios quase parados
A empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) anunciou a suspensão da circulação de comboios de passageiros na província de Tete, centro de Moçambique, devido à insegurança que se vive na região.
Em declarações à agência de notícias portuguesa Lusa em Maputo, o representante dos CFM na província de Tete, Nelson Semente, disse que a empresa parou o transporte de passageiros devido à insegurança na região. “Apesar de não ter havido ainda nenhum ataque aos comboios, esta medida visa evitar que aconteçam casos similares aos das viaturas atacadas e perda de vidas humanas”, frisou o representante dos CFM.
Neste domingo a mineradora Rio Tinto, que explora carvão mineral em Moatize, na província de Tete, decidiu parar com a exportação de carvão através da linha de Sena.
Renamo ainda não reivindicou os ataques
Apesar destes três ataques armados seguirem-se ao anúncio da Renamo, na quarta-feira (19) passada, que iria impedir o trânsito rodoviário e ferroviário na zona que é próxima ao local onde o seu líder reside desde de finais de 2012, o maior partido da oposição em Moçambique não reivindicou a autoria de nenhum deles.
Refira-se que na sexta-feira o chefe do Departamento de Informação do partido, Jerónimo Malagueta, que fizera a declaração de “guerra” em conferência de imprensa, foi detido pela PRM à saída da sua residência em Maputo. Malagueta foi encarcerado na esquadra da polícia localizada no Porto da capital moçambicana.
Estes acontecimento não mereceram atenção das delegações do Governo e da Renamo que nesta segunda-feira voltaram a sentar-se à mesa de negociações, para a sétima ronda de diálogo visando acabar com o impasse que coloca em risco a democracia em Moçambique.