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Cólera eclode em mais um distrito de Cabo Delgado

As autoridades moçambicanas da Saúde anunciaram hoje, em Maputo, a eclosão do surto de cólera em mais um distrito da província nortenha de Cabo Delgado. Trata-se do distrito de Namuno, particularmente na localidade de Meluco.

As autoridades locais informaram ao Ministério da Saúde (MISAU), em Maputo, o registo de três casos de cólera naquele ponto do país. “Agora passamos a ter a ocorrência de cólera em quatro distritos de Cabo Delgado, incluindo Ancuabe, Mocimboa da Praia e Montepuez”, disse hoje, o porta-voz do MISAU, Leonardo Chavane, falando durante o encontro semanal com a imprensa destinado a falar da evolução dos casos de cólera e da Gripe A.

Assim, desde a eclosão da doença, em Agosto passado, os quatro distritos já registaram um total de 408 casos de cólera, com maior incidência para Montepuez, onde as autoridades sanitárias notificaram 291 casos. Esses casos resultaram em seis mortos, sendo três em Montepuez e os outros em Ancuabe, distrito que registou 95 casos.

Ancuabe é outro distrito onde a situação da cólera é critica, sobretudo por causa da onda de desinformação a volta do nome “cólera” que, aparentemente, é confundido pelas populações com o som, ou termo fonético, da palavra “cloro” (produto usado para desinfectar a água). Por causa dessa desinformação, as comunidades agridem os agentes da saúde envolvidos nas campanhas de sensibilização sobre a importância de tratamento de água com “cloro”.

A onda de violência chegou a atingir os Centros de Tratamento de Cólera (CCT) que são derrubados pelas comunidades por considerarem que são focos de propagação da doença. Há duas semanas, um grupo de populares vandalizou o CCT montado na localidade de Muaja, distrito de Ancuabe, por considerar que o local era foco de propagação da doença. Na circunstância, houve mortos, feridos e detidos.

O Governo provincial, encabeçado pelo respectivo Governador, Eliseu Machava, deslocou-se a Muaja para sensibilizar as comunidades sobre a importância dos CCT’s no tratamento da cólera. As autoridades da saúde afirmam que a situação está agora sob controlo. O MISAU nega que possa estar a falhar algum aspecto na sensibilização das comunidades para evitarem tais práticas, que também são (ou foram) comuns na vizinha província de Nampula.

“Não parece estar a falhar alguma coisa no MISAU. Parece que há pessoas com intenções obscuras dentro das comunidades”, justificou-se Chavane, acrescentando que “não é compreensível que, numa situação em que temos problemas de saúde e pessoas para atender esse problema, surjam pessoas da comunidade a vandalizar”. “O problema está em algumas pessoas na comunidade”, vincou a fonte.

Segundo a fonte, o mais preocupante nisso é o envolvimento de pessoas ligadas as autoridades tradicionais em algumas escaramuças. Assim, as autoridades estão a intensificar as campanhas de sensibilização das comunidades, primeiro, para não aderir a essas ondas de desinformação e, depois, para se prevenirem da cólera. O MISAU receia que com o pico da época chuvosa (entre Janeiro e Fevereiro), as fontes de água fiquem contaminadas e agravem a situação da cólera.

“Estamos permanentemente em alerta para controlar a eclosão de novos casos de cólera… há distritos que têm sido críticos, como é o caso de Chiúre, também em Cabo Delgado, mas ainda não registamos casos de cólera este ano”, disse Chavane. De Janeiro a esta parte, as autoridades registaram 19.310 casos de cólera, dos quais 154 resultaram em mortes.

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