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Cinema: Maputo acolhe A Trança Madura de Victor Sousa

O Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo, acolhe, Terça-feira (17), a partir das 19.00 horas, o lançamento do documentário A Trança Madura de autoria do jovem realizador moçambicano, Lionel Moulinho, e que retrata a vida e a obra do célebre artista plástico moçambicano, Victor Sousa.

Para dar algum enquadramento acerca do documentário, do percurso do seu autor, Lionel Moulinho, da personalidade de Victor Sousa, da situação do cinema em Moçambique, em jeito de comunicado, o conceituado escritor e professor português, António Cabrita escreveu:

“Esconjure o mau olhado com os olhos sadios de Sousa e Moulinho”.

Desde «Ecos de Silêncio» que Lionel Moulinho tem atraído sobre si as atenções. Pela atitude obstinada de «antes quebrar que torcer» que o levou a produzir vários produtos audiovisuais, não obstante a precariedade das suas condições materiais.

Fazer filmes, vídeo documentário, em Moçambique, exige uma vontade indomável pois facilmente se reúnem os requisitos para não fazer, para se desistir.

A resistência de Lionel ganha aí um significado político: ele faz, apesar das adversidades naturais ao seu estrato social, da indiferença dos organismos que deviam apoiar a cultura, do ciúme e inveja de alguns agentes da cultura que vivem do perpétuo queixume ou adiamento pessoal, das reticências com que a própria classe profissional olha para o seu percurso de outsider, apesar das suas próprias deficiências de formação, que vai superando por “tentativa e erro”, num claro caso de autodidactismo que não se assusta com as toneladas do que lhe falta aprender e antes se atira ao trabalho para isso mesmo: para fazer e corrigir, fazer e aprender fazendo, fazer e sobreviver nessa única vocação que admite para si.

Dizia com graça Jean Cocteau sobre o poeta Victor Hugo: «Hugo era um louco que pensava que era Victor Hugo!». Tem sido essa a história de Lionel: é um louco que empreendeu ser cineasta e que para já ganhou direito ao nome próprio, Lionel Moulinho, e que após este filme, «Victor Sousa/A Trança Madura», vai ser simultaneamente mais respeitado e mais objecto de desconfiança no meio dos cineastas e na comunidade.

É o que acontece a quem é outsider e teima. Victor Sousa é um dos nomes cimeiros da pintura e cerâmica moçambicanas e merecia já este documentário.

São trinta minutos absolutamente agradáveis de se seguir e muito bem logrados, e que são até agora o melhor da expressão do único método que o Lionel conhece: improviso e impregnação. Talvez pela impregnação, pela sua entrega sem reservas, o filme funciona e apela a que nos deixemos também impregnar.

Esta fita deambulatória pelo passado, presente, e impressões do pintor e cidadão Victor Sousa, é um acto cultural que merece toda a nossa estima e que não faltemos à sua sessão de apresentação no dia 17 de Julho de 2012, pelas 19 hora, No (CCFM-Centro Cultural Franco Moçambicano).

Não falte, faltar é falhar a oportunidade de poder ser um dia um daqueles muitos olhos que na pintura de Victor Sousa nos inquietam o olhar.

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