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Cidadão espancado mortalmente a mando do tribunal comunitário

Um Tribunal Comunitário em Mossurize, província central de Manica, em Moçambique, ordenou que um cidadão fosse açoitado até a morte por, alegadamente, ter roubado uma carroça de bois.

O colectivo de juízes do Tribunal Comunitário de Chirere, sudeste de Mossurize, após uma sessão de adivinhação realizada por um curandeiro, acusou e condenou “formalmente” o cidadão por roubo, tendo, de seguida, ordenado que fosse açoitado e amarrado junto a uma árvore.

Segundo reporta a Rádio Moçambique, estação pública, o indivíduo viria a morrer por fractura na coluna vertebral, o que levou a detenção do chefe da localidade.

O facto ocorreu esta semana, quando começou uma discussão em torno de uma carroça de bois que tinha sido roubada. Alertado sobre o caso, o Tribunal Comunitário de Chirere, procurou adivinhos para encontrar o culpado, com o aval do chefe da localidade.

“Após o sucedido criámos uma comissão mista (polícia e outros sectores do Estado) para investigar o caso. Depois de apurarmos a veracidade do acontecimento, mandou-se deter o chefe da localidade de Chirere”, explicou Luís Alberto Chimoio, administrador de Mossurize.

O chefe da localidade, segundo Chimoio, terá sido cúmplice na “execução” do cidadão, ao “autorizar” que o colectivo de juízes fosse a uma sessão de adivinhação com um curandeiro para se identificar o culpado pelo roubo, ao invés de tomar uma decisão correcta para evitar o crime.

“A investigação ainda está em curso, pois queremos encontrar os mentores e as reais causas do crime. Os juízes e respectivos auxiliares serão chamados à justiça, mas actualmente não estão detidos” afirmou Luís Chimoio.

Entretanto, o governo distrital prontificou- se a ajudar moral e financeiramente nas exéquias fúnebres, mas a família da vítima optou por cerimónias tradicionais, dispensando a urna que o governo se dispunha a pagar.

Em Manica são frequentes os casos em que a população se revolta contra os procedimentos dos Tribunais Comunitários, que têm sido geralmente acusados de “ditadura e arrogância”.

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