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Ciclistas insurgem-se contra a FMC em Nampula

Ciclistas insurgem-se contra a FMC em Nampula

Os ciclistas da cidade e província de Nampula estão agastados com a Federação Moçambicana de Ciclismo (FMC). Em causa estão três adiamentos consecutivos do Campeonato Nacional da modalidade referente à edição 2013 naquela circunscrição geográfica. Embora não haja datas previstas para a realização da competição, os praticantes continuam a preparar-se para o torneio.

Desde Dezembro de 2012, altura em que a província de Nampula foi indicada para acolher o Campeonato Nacional de Ciclismo, os praticantes começaram a trabalhar afincadamente com vista à sua participação naquele que seria o primeiro e maior evento desportivo da modalidade a ser realizado naquela parcela do país. O evento começou a ser organizado em Janeiro de 2013, quando a FMC prometeu que o campeonato teria lugar nos finais de Agosto do mesmo ano.

A criação do núcleo de ciclismo nos seis bairros, em igual número de postos administrativos municipais da cidade de Nampula, visando a descoberta de novos atletas, foi uma das acções mais relevantes. A Associação Provincial de Ciclismo de Nampula (APCN) andava de porta em porta, à procura de patrocínios, de modo a adquirir mais meios circulantes para superar o défice existente.

Paralelamente, a agremiação capacitou em Março do mesmo ano um número considerável de atletas e juízes nalguns distritos que se poderiam juntar à competição, nomeadamente Ilha de Moçambique, Monapo e Nacala-Porto. Na altura, o desafio da APCN era entrar na prova em pé de igualdade com as outras equipas e ocupar os três lugares cimeiros. Movidos por um espírito ganhador, aquela agremiação desportiva seleccionou atletas com alguma experiência.

Parceiros concedem apoio à APCN

A Direcção Provincial da Juventude e Desportos (DPJD) na província de Nampula, um dos considerados parceiros directos das agremiações desportivas, foi a primeira a oferecer, em Março do ano passado, um total de 15 bicicletas à Associação Provincial do Ciclismo para preparar o Campeonato Nacional. Além da atribuição de velocípedes, aquela instituição estatal terá desembolsado um valor não especificado para a realização de dois cursos para ciclistas que foram destacados para fazerem parte da competição.

A primeira capacitação aconteceu em Abril na cidade da Ilha de Moçambique, abrangendo 30 atletas, dos quais 15 de Nampula, anfitriã do certame, cinco provenientes da Ilha de Moçambique e 10 da vila municipal de Monapo, com a duração de três dias. A segunda formação teria sido promovida na cidade de Nampula abrangendo, também, 30 atletas, dos quais 15 do Núcleo de Marrere, arredores da urbe. Ainda no rol de apoios, o governo provincial, através da DPJD, terá oferecido quantidades significativas de água mineral.

As alterações

A Federação Moçambicana de Ciclismo cancelou a realização da edição 2013 do Campeonato Nacional desta modalidade, prova que devia decorrer em Agosto do ano passado. O certame, ora cancelado, iria envolver mais de 40 ciclistas oriundos das províncias de Maputo, Sofala, Zambézia e Manica, além da anfitriã, Nampula.

A mesma seria disputada em duas fases, sendo a primeira prova de contra-relógio a título individual na Ilha de Moçambique e a segunda de estrada, agendada para a cidade de Nampula. Na altura, o presidente da FMC, Danilo Correia, de modo informal, teria alegado que o cancelamento à última hora tinha a ver com a falta de fundos para custear as despesas concernentes ao transporte, ao alojamento e à alimentação dos ciclistas.

A FMC disse que não teve sucesso no pedido de financiamento formulado ao Fundo de Promoção Desportiva, organismo subordinado ao Ministério da Juventude e Desportos. Situações similares teriam acontecido em Outubro de 2013 e Junho do corrente ano, sendo que a última vez, depois da preparação da pista e negociações quanto aos locais de acomodação, a Federação Nacional de Ciclismo voltou a desculpar-se, através de um comunicado.

“Usam-nos para ter fundos”

Os ciclistas da considerada terceira maior cidade moçambicana entendem que os adiamentos sistemáticos do Campeonato Nacional de Ciclismo na província de Nampula não passam de uma manobra da agremiação máxima da modalidade do país tendentes a obter dinheiro do Governo para benefício próprio. De acordo com Emilton Estevão, presidente da Associação Provincial de Ciclismo de Nampula, os dirigentes da FMC não têm tido atitudes transparentes, uma vez que não revelam os valores que são disponibilizados pelo Fundo de Promoção Desportiva (FPD).

“Temos informações de que, anualmente, o FPD tem desembolsado algum valor para as federações com vista à realização dos seus planos de actividade. Será que a nossa federação não é beneficiária? Acredito que não”, disse Estêvão. O responsável pelo ciclismo em Nampula disse acreditar que a FMC se aproveita da situação para, em nome dos ciclistas, usar o fundo em benefício de um punhado de pessoas.

FMC (continua) sem fundos

O presidente da Federação Moçambicana de Ciclismo, Danilo Correia, disse ao @Verdade que a sua agremiação continua sem fundos para a realização do campeonato nas cidades de Nampula e Ilha de Moçambique, na província de Nampula. Segundo Correia, para a efectivação do certame na província de Nampula são necessários mais de 250 mil meticais.

“O apoio que temos, neste momento, é apenas do Fundo de Promoção Desportiva e é insuficiente”, disse. Aquele responsável afirmou que, neste momento, o seu organismo continua à procura de financiamento para a realização do Campeonato Nacional de Ciclismo. O nosso interlocutor referiu que, como resultado da falta de fundos, a sua organização viu-se obrigada a não enviar uma equipa moçambicana para o Campeonato Africano da modalidade, ora adiada para Janeiro do próximo ano.

Nampula corre o risco de não acolher o Campeonato Nacional

Devido ao elevado custo para tornar possível a realização do Campeonato Nacional de Ciclismo, a federação da modalidade estuda a possibilidade de a mesma ser efectivada na capital do país, cidade de Maputo.

Para o efeito, nesta semana, segundo deu a conhecer Danilo Correia, haverá um encontro para se debater o assunto. “As acusações de que não somos transparentes são infundadas. Se calhar porque as pessoas que assim falam não sabem os critérios e a quantia que as federações recebem”, afirmou a terminar.

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