A China anunciou, esta quarta-feira (30), a prisão de cinco supostos militantes islâmicos suspeitos de envolvimento com um incidente que deixou cinco mortos, esta semana, na Praça da Paz Celestial, em Pequim, no que a polícia disse ter sido um atentado terrorista.
Cinco pessoas morreram, segunda-feira, quando um utilitário desportivo atropelou peões e pegou fogo em seguida, num dos pontos mais movimentados e vigiados da capital chinesa. A polícia disse que o motorista do veículo chamava-se Usmen Hasan, nome que indica uma origem étnica uigur, um grupo islâmico que vive na província de Xinjiang, no extremo oeste chinês.
A mulher e a mãe dele também estavam no carro e morreram. Pelo site Weibo, espécie de Twitter chinês, a polícia disse que dentro do veículo foram encontrados gasolina, facas e uma bandeira com “conteúdo extremista religioso”. Os outros dois mortos eram um chinês e uma filipina, ambos turistas em visita à praça, cenário de protestos ocasionais desde a repressão de 1989 a manifestações estudantis pró-democracia.
Desde segunda-feira, as autoridades já apontavam para suspeitas de que havia se tratado de um atentado, não de um acidente. “A polícia identificou o incidente da segunda-feira na Praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial) como um ataque terrorista violento, o qual foi cuidadosamente planeado, organizado e premeditado”, disse a polícia no Weibo, acrescentando que os três ocupantes do veículo morreram depois de atearem fogo ao carro com gasolina.
Pelo menos 38 pessoas ficaram feridas no incidente. Dez horas depois, cinco pessoas ligadas ao caso foram detidas com ajuda do governo de Xinjiang, acrescentou a polícia. Todos os suspeitos, segundo a polícia, têm nomes que indicam origem uigur. A polícia disse ter apreendido bandeiras islâmicas e facas nos locais onde essas pessoas se hospedavam.
Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso Mundial Uigur, principal organização desse grupo étnico no exílio, rejeitou a versão chinesa da história. “Pequim sempre fez esse tipo de acusação, mas eles se recusam a tornar público o raciocínio por trás disso. Eles não vão tornar transparente a história por trás das acusações”, afirmou.
Raxit disse temer que o incidente sirva como pretexto para “mais repressão aos uigures”. “Se um ataque for cometido por um chinês han (etnia maioritária no país) não é terrorismo, mas se um uigur comete, é”, disse. “Pequim faz essas acusações a serviço de motivações ocultas.” O governo nega reprimir os uigures.