A defesa da Suíça entrou para a história, mas não levou os três pontos. Submetida aos mais diferentes testes e a uma forte pressão, nesta segunda-feira, a retaguarda helvética conseguiu a maior série de minutos sem levar um golo em jogos de Copa do Mundo, mas acabou derrotada pelo Chile, em Port Elizabeth.
No minuto 67, os suíços chegaram ao recorde do torneio, somando 551 invictos. Oito minutos depois, porém, os sul-americanos trataram de derrubar essa muralha, com um golo de Mark González, que havia entrado no início do segundo tempo. O Chile tem agora seis pontos em duas jornadas pelo Grupo H, muito perto da classificação para os oitavos de final.
Depois de quatro partidas invulneráveis na Alemanha 2006, a Suíça enfim sofreu um golo na África do Sul 2010. Franceses, togoleses, sul-coreanos, ucranianos e espanhóis haviam esbarrado neste paredão. A talentosa e veloz equipa chilena recusou-se a participar desse grupo.
O Chile começou a partida (o quarto confronto entre as seleções e o segundo em Copa do Mundo) com uma formação de 3-4-3, na qual o técnico Marcelo Bielsa abusa da versatilidade de seus homens de marcação, que atuam com eficiência tanto como alas, médios e defesas.
Já a Suíça adotou a mesma postura do jogo contra a Espanha,com uma equipa de imponente porte físico, fechando seu campo de defesa com oito ou nove homens em um típico paredão, tentando tirar o ritmo de jogo dos sul-americanos. As suas iniciativas de ataque consistiam em bolas lançadas à área, à espera de algum erro ou desatenção do rival, tal como contra a Espanha.
Depois de num bom início de jogo dos chilenos, que tiveram seu melhor momento aos dez minutos com duas bombas de fora da área consecutivas de Arturo Vidal e Carlos Carmona que exigiram boas defesas de Diego Benaglio, os helvéticos estabeleceram esse ritmo rompedor por 20 minutos, até a expulsão de Valon Behrami (a primeira na história para um jogador do país no torneio).
Com um homem a mais em campo, a Roja avançou um pouco mais seus alas quando tinha a posse de bola e passou a povoar o ataque em busca de alternativas, especialmente com Alexis Sánchez e Jean Beausejour abertos pelas pontas. E as chances de golo foram aparecendo, compondo uma pressão até o fim do primeiro tempo.
A principal delas aconteceu aos 40 minutos, quando Sánchez recebeu cruzamento na área, dominou com o peito e chutou em cima de Benaglio, bem colocado.
Para o segundo tempo, Bielsa mexeu na equipa e colocou o atacante Mark González no lugar de Vidal, que estava jogando na ala esquerda, impulsionando a sua equipa para o último reduto suíço. Além disso, Jorge Valdivia entrou no lugar do artilheiro Humberto Suazo, que ainda busca sua melhor forma, depois de se recuperar de uma lesão muscular.
Desta forma, a pressão foi ainda maior, quase surtindo efeito já aos 48 minutos, quando Sánchez chutou da entrada da área, pelo centro e rasteiro, e a bola entrou. Mas o golo acabou anulado devido ao fora de jogo de González, que viu a bola correr na sua direção, na pequena área.
Depois, aos 55 minutos do segundo tempo, Sanchez tentou novamente, agora beneficiando de erro na saída de bola suíça e avançando com ela pela direita. Quando preparou o chute, o guarda-redes Benaglio já havia fechado o ângulo para fazer grande defesa. Na sobra, Steve Von Bergen afastou para canto.
A Suíça defendia-se a cada ataque chileno rigorosamente com oito jogadores, da zona intermediária para trás. Somente aos 75 minutos é que o golo apareceu. Em jogada trabalhada pelos três homens que Bielsa mandou a campo no segundo tempo. Valdivia encontrou Esteban Paredes (que havia substituído Matias Fernández) com espaço pela direita. O m´dio-atacante foi à linha de fundo e cruzou. Livre no segundo poste, González cabeceou para dentro, enfim balançando a rede suíça.
Até o final da partida, Paredes e González ainda perderiam duas chances incríveis. Os sul americanos quase pagaram um preço incrível. A um minuto do fim, o ataque suíço fez uma rara jogada ofensiva, com direito a linha de passe que começou pela direita e encontrou o atacante Eren Derdiyok livre no centro da área. A sua finalização procurou o canto direito de Claudio Bravo e acabou indo para fora.
Apesar do susto, o Chile pode comemorar o 1 a 0 como se fosse uma goleada. A seleção parte com confiança para a terceira e última rodada do Grupo H, primeiro por ocupar a liderança e, talvez mais importante, por ter agora a fama da equipe que superou o ferrolho armado pelos suíços.