85 mil adeptos receberam a jóia da coroa do projecto de Florentino Perez com o grito “Sim, sim,sim, Ronaldo já está aqui”. Cristiano Ronaldo avançou pela passerelle, arrastou consigo dezenas de fotógrafos, que se atropelaram, e parou no púlpito, onde ficou inerte durante longos segundos. Parecia ter congelado. A legião de fãs fervia.
Durante o curto discurso ao seu povo, Cristiano Ronaldo sentiu o peso do Real Madrid – quem não sentiu? Para além dos adeptos em campo a apresentação foi transmitida em directo pelas TV´s espanholas, portuguesas e outras cadeias de TV no mundo inteiro.
Agarrou na perneira dos calções, como um miúdo que se estreia nas escolinhas, e foi simplesmente uma pessoa normal que se vê transformada no ídolo da maior multidão do mundo do futebol, no fim de tarde mais democrático do mundo. “Boa noite”. Pausa para o estádio digerir. “Tinha dito aos meus amigos que ia ser natural”. Nova pausa estrondosa. “Estou muito feliz por estar aqui, está cumprido o meu sonho de criança”. O estádio vem abaixo.
“Vou contar até três e dizemos todos ‘Hala Madrid’”. E assim foi. Escreveu-se história. Mais tarde, durante a primeira conferência de imprensa de Cristiano Ronaldo num estádio que nunca tinha pisado, o argentino Jorge Valdano, companheiro de Maradona noutros tempos, disse isto: “Tem 24 anos, tem muito caminho pela frente e não há nenhum adjectivo que não possa conseguir”. Ninguém o teria dito melhor.
Cristiano Ronaldo apresentou-se brilhante, como um cavaleiro andante vestido de branco como um anjo protector – com o número nove às costas, o número que já foi de Morientes, de Zamorano, de Di Stéfano, de Suker, de Hugo Sanchez.