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“Cem mil pessoas correm perigo de vida” na Beira, Búzi, Chibabava, Muanza, Mossurize e Dombe que estão isolados de Moçambique; INGC com défice financeiro desde 2016

“Cem mil pessoas correm perigo de vida” na Beira

Enquanto o Governo ainda está a fazer o levantamento do real impacto do Ciclone IDAI o Presidente da República estimou “que poderemos registar mais de mil óbitos”. Além disso pelo menos cem mil pessoas correm perigo de vida pois “os distritos de Búzi, Chibabava e Muanza na província de Sofala, o distrito de Mossurize e o posto Administrativo de Dombe em Manica estão isolados do resto do país o que forçou concidadãos nossos a procurarem refúgio nas árvores e nos tectos das casas enquanto aguardam salvamento”, revelou Filipe Nyusi que apelou “não há espaço para desculpas”, mas a verdade é desde 2016 INGC tem operado com défice financeiro.

Após visitar pelo ar e por terra os locais mais atingidos pelo ciclone tropical nas província de Sofala, Zambézia, Manica e Tete o Chefe de Estado dirigiu-se aos moçambicanos para relatar o que viu: “Formalmente até ao momento há registo de acima de 84 óbitos, mas quando sobrevoamos, e o esforço está a ser feito ainda esta manhã para perceber, tudo indica que poderemos registar mais de mil óbitos”.

“Mais de cem mil pessoas correm perigo de vida. Actualmente a estrada nacional nº 6 sofreu quatro cortes, esse número de cortes poderá aumentar, isolando por terra as cidades da Beira e Dondo. As águas do rio Púnguè e Buzi transbordaram fazendo desaparecer aldeias inteiras, isolando comunidades e vê-se durante os sobrevoo corpos a flutuar, portanto um verdadeiro desastre humanitário de grande proporções”, disse o estadista.

Foto da Presidência da RepúblicaNesses locais residem mais de 1,1 milhão de moçambicanos.

Nysui informou que: “A ponte sobre o rio Búzi, na estrada nacional nº 260 ficou destruída pela fúria das águas, o distritos de Búzi, Chibabava e Muanza na província de Sofala, o distrito de Mossurize e o posto Administrativo de Dombe em Manica estão isolados do resto do país o que forçou concidadãos nossos a procurarem refúgio nas árvores e nos tectos das casas enquanto aguardam salvamento”.

“Este desastre natural deixou grande parte da zona Centro sem energia eléctrica, na cidade da Beira acima de 80 por cento dos postes não estão em condições, deixou também sem abastecimento de água potável, comunicações para além de ter afectado o funcionamento normal dos hospitais, escolas, para dizer que nos distritos que mencionei praticamente a rede escolar ficou totalmente destruída, e demais instituições públicas e privadas”, acrescentou o Chefe de Estado.

Filipe Nyusi convocou o seu Governo para reunir-se pela primeira vez fora da cidade de Maputo, “perante este cenário dramático o Governo decidiu realizar a 9ª sessão ordinária do Conselho de Ministros, amanha dia 19 de Março, na cidade da Beira para acompanhar e avaliar a situação no terreno”.

O @Verdade entende que também poderá ser declarado o Estado de Calamidade para permitir que o nosso país beneficie de maior ajuda internacional.

“Nós também ficamos ilhados na cidade da Beira”, Augusta Maíta

Embora o Presidente Nyusi tenha apelado na sua Declaração “caros compatriotas a prioridade do Governo é salvar vidas humanas, não há espaço para desculpas ou acusações”, a verdade é desde 2016 o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) tem operado com défice financeiro para implementar acções de prevenção e mesmo de assistência humanitária.

O Plano de Contingências para a época chuvosa 2018/2019, para um cenário que não incluía o ciclone de categoria 4 que fustigou o Centro de Moçambique, estava orçado em 1,3 bilião de meticais no entanto o Executivo de Nyusi só disponibilizou pouco mais de duzentos milhões de meticais. Para enfrentar o Ciclone IDAI a instituição dirigida por Augusta Maíta pediu, atempadamente, pelo menos 1,1 bilião de meticais para prestar assistência a cerca de meio milhão de pessoas, “o Governo disponibilizou 300 milhões de meticais”, revelou a directora do INGC.

O Programa Mundial da Alimentação, que coordena a resposta humanitária da ONU em Moçambique, fez um “apelo temporário por volta de 40 milhões de dólares (cerca de 2,4 biliões de meticais) mas, provavelmente, vai aumentar por causa da segunda leva de cheias que, infelizmente, está a assolar o centro do país”, declarou Karin Manente, representante em Maputo.

O @Verdade apurou que para enfrentar este ciclone, é preciso recuar até ao ano 2000 para encontrar outro similar, o Eline que também fustigou o centro de Moçambique e causou a morte de pouco mais de uma centena de pessoas, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades nem sequer conseguiu ter um sistema de comunicações de emergências por isso enfrenta as mesma dificuldades de comunicações tal como os restantes cidadãos.

Foto de Adérito CaldeiraAté a manhã desta segunda-feira (18) não conseguia coordenar os seus operativos em Sofala, não tem sido possível actualizar o impacto real, as estações hidrométricas nas Bacias do Save, Búzi e Púnguè estão incomunicáveis desde sexta-feira (daí a falta de informação sobre as cheias em Nhamatanda).

“Nós também ficamos ilhados na cidade da Beira, nós temos equipas de rádio que vão avançar para a cidade da Beira. Entramos e não sabíamos que teríamos este problema com as comunicações, que ficariam tanto tempo por se resolver”, admitiu Augusta Maíta.

Um outro drama “normal” durante a época chuvosa são as habitação que não resistem a chuva e ao vento pois são de construção precária. Tal como os seus antecessores Filipe Nyusi não tem conseguido edificar casas com as mínimas condições de durabilidade para o povo. Durante 39 anos os sucessivos governos do partido Frelimo construíram menos de duas mil casas e Nyusi propôs-se a edificar 35 mil novas habitações em apenas cinco anos. Conseguiu edificar somente 268 casas até 2016, desde então não construiu mais nenhuma.

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