Cerca de metade da produção global de castanha de caju no país não entra no circuito formal de comercialização controlado pelo Instituto de Fomento do Caju (INCAJU) e nem pelo processamento para posterior venda da amêndoa que cria oportunidade de emprego a um universo estimado em mais de onze mil pessoas.
Estes dados constam num estudo do mercado informal da castanha de caju encomendado pelo governo, cujas conclusões foram recentemente apresentadas em Nampula pelo consultor Jaime Cumbana, o qual observa que os resultados das campanhas agrícolas daquela cultura não reflectem, por isso, dados reais do país.
O estudo atribui o facto à dificuldade de adaptação da rede de comércio rural às transformações demográficas registadas, sobretudo, a partir do período pós-conflito armado que dilacerou as infra-estruturas económicas, em particular as lojas onde a castanha de caju e outros produtos eram vendidos aos comerciantes e estes, por sua vez, canalizavam às indústrias.
A elaboração do estudo baseou-se nos resultados globais da campanha agrícola de 2007/8, que apontaram uma produção de 68.573 toneladas de castanha de caju praticada em oito províncias.
No entanto, cerca de 36.342 toneladas de castanha de caju foram comercializadas através da rede formal que integra não somente os estabelecimentos rurais como também os intervenientes licenciados para o processo.
O estudo refere que as províncias cuja rede rural de comércio sofreu destruição severa em consequência do conflito armado, nomeadamente Maputo-provincia, Zambézia, Sofala, Inhambane e Nampula, são, por sinal, aquelas que maiores percentagens de castanha de caju produzida escapou à comercialização através da rede formal.
Consequentemente, presume-se que a referida castanha terá sido encaminhada, substancialmente, para o auto-consumo, isto é para uso na cozinha, aperitivo, semente e venda no mercado informal que funciona, de forma quase ininterrupta, ao longo do ano, nos principais corredores rodoviários do país.
Aliás, uma parte significativa da amêndoa processada no sector informal através de meios rudimentares é comercializada nos países vizinhos, sobretudo nas vizinhas Repúblicas da África do Sul, Malawi e Zimbabué, além da Europa, em particular Portugal.
Um segmento de comércio que a directora nacional do INCAJU, Filomena Mayopue, garante que a sua instituição vai acarinhar por contribuir significativamente para o incremento da renda do sector familiar.
O estudo faz um rol de recomendações para melhorar os mecanismos de comercialização da castanha de caju e de recolha de dados estatísticos realísticos sobre a produção nacional.
Uma delas é da responsabilidade do INCAJU em coordenação com o Ministério da Indústria e Comércio, para desenvolver uma estratégia de reformulação da rede comercial nas regiões produtoras da castanha de caju e a consequente integração dos operadores informais na estrutura formal da economia da castanha.
Recomenda, ainda, ao INCAJU o iniciao do processo de diálogo com os operadores informais, incentivando-os a constituírem-se em associações afim de beneficiarem de assistência técnica, factor importante para a melhoria da qualidade da castanha e amêndoa de caju e incremento dos níveis de produção e produtividade.