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Casa Jovem: cidadela moderna num imenso Pais em crise de habitação

Foi lançado na segunda-feira, 21, quatro dias antes da comemoração, hoje, dos 35 Anos da Independência Nacional, um projecto habitacional que pode significar a independência para uma certa camada jovem com a idade do país: Casa Jovem.

Trata-se de um projecto imobiliário que pretende “introduzir um conceito inovador de comunidade habitacional e de serviços inclusiva em Moçambique”, o qual se concretizará na construção de uma “cidadela” de mais de 2000 apartamentos dos tipos 1 a 4 e composta ainda pelas áreas Comercial, de Utilidade Pública, de Escritórios e Serviços e de Lazer.

Em investimento orçado em cerca de 100 milhões de dólares norteamericanos, no que constituirá também um pólo multifuncional de expansão da cidade de Maputo numa comunidade habitacional desenvolvida em bairro residencial de acessos livres, o Projecto Casa Jovem será erguido no Bairro da Costa do Sol, junto ao litoral de Maputo.

O público-alvo do Casa Jovem é “em larga escala a juventude profissional urbana moçambicana, até a faixa etária dos 40 anos” e com um rendimento do agregado familiar de pelo menos 25 mil meticais. Daí que os jovens presentes no lançamento representavam apenas uma amostra do que, estes dias, através do poder amplificador dos “media”, se transformou no “talk of the town” (assunto da cidade) na camada jovem urbana emergente e aspirante à classe média – depois de elucidados pelo discurso do ex-Presidente Joaquim Chissano, em nome da sua fundação (FJC); pela apresentação de Erik Charas pela Charas Lda e ImoX, criadores e implementadores da iniciativa; e palavras de encorajamento do vereador de Urbanismo do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Eng. Luís Nhaca, que enfatizou o quanto o Casa Jovem é tomado como parceiro estratégico no plano urbanístico do Município da capital.

As matemáticas dos jovens

O que anda na boca dos “jovens profissionais e casais” da capital e de outras urbes do País são basicamente estas questões: Como posso aderir ao Casa Jovem?

Como tornar os custos acessíveis e adequados às suas aspirações e capacidades actuais e futuras?

Falando na apresentação do projecto, Erik Charas elucidou que o mesmo não pretende ser mais um condomínio isolado e exclusivo, à semelhança de muitos que nascem como cogumelos pela cidade e província de Maputo. Contudo, ele deixou claro que este projecto não é para todos os jovens, particularmente nesta primeira fase.

É que, do lado da oferta, a casa mais barata (Tipo Um) custa 25 mil dólares norte-americanos, a residência de Tipo Dois custa 45 mil dólares… e a do Tipo Quatro tem o preço fixado em 120 mil dólares. E, do lado da procura, a primeira condição para ser elegível é “ter um rendimento”, o que consubstancia emprego estável e com margem de progressão.

Charas exemplificou que uma família constituída por um casal cuja totalidade dos rendimentos atinge 25 mil meticais é capaz de pagar uma destas residências durante um período máximo de 30 anos, à razão de cerca de oito mil meticais mensais.

Se considerarmos a massa crescente de jovens graduados com o nível de licenciatura e parte deles estabelecidos em empregos no explosivo sector de serviços do meio urbano nacional – auferindo pelo menos 18 mil meticais de ordenado mensal base de um técnico superior – poderá haver um número razoável de potenciais beneficiários do Casa Jovem.

Através da parceria com bancos, tendo já o BCI abraçado o Projecto, espera-se viabilizar facilidades de crédito que permitam a esta camada jovem aderir ao Casa Jovem. Charas vê ainda neste projecto uma “oportunidade” para os jovens moçambicanos não só adquirirem uma casa, mas também participarem na implementação da iniciativa através das mais variadas actividades que materializarão esta “cidadela” de uma futura classe média jovem.

Casa Jovem e a Política de Habitação

Numa altura em que o Governo do dia está a traduzir as preocupações gerais em “uma política e sua estratégia de habitação”, de que forma o Casa Jovem pode ser percebido no âmbito desta prioridade do Executivo para com a habitação, especificamente dirigida à juventude? O ex-Presidente da República e Conselheiro do Chefe de Estado, é assim que Joaquim Chissano vê a problemática de habitação e o contributo do projecto de que é patrono: “Temos consciência plena de que o problema de habitação é de dimensão nacional, afectando a maioria dos moçambicanos, em particular os jovens.

 Por isso, lançámos o projecto Casa Jovem tendo em mente que estamos a contribuir para a solução de apenas uma parte do problema”. Chissano admite que na verdade, o Casa Jovem endereça “uma muito pequena parte de um vasto problema. Mas este é só o começo da nossa participação, como parceiros, na solução gradual de um problema que a todos afecta”, acrescentou.

O documento base da política de habitação, ora em finalização após contribuições de debates públicos, define que “o Governo irá desempenhar o papel de facilitador, parceiro e catalisador no processo de promoção de habitação. Esforços serão feitos através da facilitação ao sector privado para desempenhar o seu papel no financiamento, produção e construção de habitação, e facilitar o acesso a todas as famílias e comunidades”.

O objectivo geral da política de habitação é facilitar a provisão de habitação adequada (durável, confortável, salubre), e um ambiente de vida são, a um custo acessível a todos os grupos socioeconómicos promovendo assentamentos humanos sustentáveis. Pode-se encontrar um espelho do Projecto Casa Jovem em objectivos específicos da política de habitação que se consubstanciam no: “aumentar a produtividade e melhorar a qualidade na produção habitacional”; e “incentivar a geração de emprego e renda dinamizando a economia.”

 A estratégia de habitação validada recentemente, relativamente às fontes de recursos e financiamento, pretende no geral “promover e incentivar as instituições públicas e privadas para o financiamento e a produção de habitação com segurança jurídica” e de forma específica “incentivar a redução de taxas de juros da Banca Comercial nas suas linhas de financiamento para habitação” e “mobilizar recursos para a componente Habitação”, aspectos que o Projecto Casa Jovem procura endereçar.

Quem é quem no Projecto Casas Jovem?

A Fundação Joaquim Chissano (FJC) é promotora do projecto por o mesmo se enquadrar nos seus objectivos estratégicos de desenvolvimento de uma classe média Moçambicana capaz de assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento económico, da paz e da estabilidade do país.

A Fundação Joaquim Chissano é uma organização privada moçambicana sem fins lucrativos dedicada à Promoção da Paz, do Desenvolvimento Económico e Cultural de Moçambique. Criada em 2005 pelo Presidente Joaquim Chissano, a FJC recebeu do Governo da República de Moçambique o estatuto de entidade de Utilidade Pública aquando do seu reconhecimento como sujeito de direito com personalidade jurídica, através da Resolução nº 71/2004, de 31 de Dezembro.

Responsável pela concepção do projecto, a Charas Lda é uma companhia de capital de risco moçambicana que investe no capital social de empreendedores moçambicanos. É uma firma fundada pelo Jovem Líder Global do Fórum Económico Mundial e Engenheiro electromecânico Erik Charas, que aos 34 anos já acumula experiência em desenvolvimento e execução de projectos imobiliários bem como de índole de intervenção social em Moçambique. Nos investimentos da Charas contase, igualmente, o lançamento da primeira firma de serviços de táxi de motociclos “Txopela”.

A Charas Lda é popularmente conhecida por ter lançado em 2008 este jornal @Verdade que o leitor está a ler, o primeiro semanário generalista gratuito em Moçambique e de maior tiragem e circulação nacional. Implementadora do Casa Jovem, a Imox Lda é uma jovem e dinâmica empresa de desenvolvimento imobiliário de capitais moçambicanos que visa desenvolver habitação sustentável de qualidade em Moçambique, apostando na satisfação da demanda do público jovem no que se refere a imóveis de preço acessível.

Como será a “cidadela” Casa Jovem?

 Na sua forma final, a comunidade habitacional Casa Jovem terá dois mil apartamentos, em 72 prédios que ocuparão 30 porcento da área da comunidade Casa Jovem, ficando o restante espaço reservado às áreas: – Comercial, isolada em cerca de três hectares, com supermercado, restaurantes, “pubs”, bancos, farmácias, várias lojas e, mais próximo das residências, existirão espaços para serviços de primeira necessidade (padarias, cafés, farmácias, etc.); – Utilidade Pública, com cerca de 4.000 m2, desenvolvidos em altura (4 pisos), deverá incluir serviços tais como creche, balcão único de pagamento de serviços públicos, notário, administração do distrito e do bairro, posto policial, clínica, etc.; – Escritórios e serviços, com cerca de 10.000 m2, irão contemplar um pequeno auditório, centro de formação e promoção do empreendedorismo (Fundação Joaquim Chissano).

 Esta área contemplará espaço para novos escritórios; – Lazer, pelo menos três quadras de desporto (campos multidisciplinares) de acesso livre, um circuito de manutenção à volta da área residencial, pelo menos 2 parques infantis, e uma vasta área verde ao longo de toda a área residencial.

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