Alguns camponeses do Vale do Infulene, arredores da cidade do Maputo, são acusados de utilizar água poluída com produtos químicos e excrementos humanos para irrigar hortícolas desenvolvidas naquele local. Parte das hortícolas em causa são irrigadas com água poluída mesmo quando estão prontas para irem ao mercado.
A edição desta sexta-feira do matutino “Notícias” escreve que os camponeses em causa alegam que optam por esta prática porque a água ideal para a irrigação das suas culturas se encontra distante das machambas. A referida água é tirada do colector construído nas proximidades das machambas para acolher despejos provenientes de esgotos, fossas e de outras fontes, incluindo resíduos resultantes do fabrico de diferentes produtos e de lavagem de máquinas.
Ilídio António, um dos camponeses, disse que alguns dos seus colegas usam aquela água poluída, alegando que a mesma contém excrementos que fertilizam os solos, ignorando os danos que podem advir dessa atitude. “Estas hortícolas são colhidas na machamba já contaminadas com microrganismos causadores de doenças”, disse ele, acrescentando que os seus colegas estão cientes dos riscos da sua atitude, mas mesmo assim insistem em usar água imprópria, que atrai moscas, favorecendo a eclosão de doenças.
Por seu turno, o Presidente da associação local de agricultores, Cácio Raul, disse que várias vezes tem convocado reuniões de sensibilização sobre o perigo dessa prática, mas lamenta a fraca adesão das pessoas a este tipo de encontros. “Somente uma minoria é que prefere abrir poços com vista a obter água para a rega. A maior parte não se dá ao trabalho e, diariamente, periga a vida dos consumidores”, disse ele.
Por seu turno, o técnico agrónomo Isaías Luís, explicou que esta situação não só prejudica a saúde dos consumidores, como também concorre para a esterilidade dos solos, uma vez que a composição química do líquido pode eliminar microrganismos responsáveis pela fertilização dos mesmos.
O Vale do Infulene faz parte das poucas áreas agrícolas da cidade de Maputo que ainda abastece os residentes locais com produtos frescos, com destaque para hortícolas. As zonas consideradas de cintura verde da capital moçambicana contam com um universo de cerca de 15 mil camponeses.