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Camponeses abandonam produção de mandioca por baixo preço em Ribáuè

Camponeses abandonam produção de mandioca por baixo preço em Ribáuè

Foto de Júlio PaulinoUm número considerável de camponeses do posto administrativo de Namigonha, no distrito de Ribáuè, província de Nampula, integrado no projecto de fomento de mandioca, para abastecer a Cervejas de Moçambique (CDM), está a abandonar a produção deste tubérculo por conta do baixo preço praticado pela empresa DADTCO, contratada para o fornecimento deste produto usado para o fabrico da cerveja Impala. Os lesados pedem a intervenção do governo local para evitar as irregularidades cometidas por esta companhia.

De acordo com os agricultores, a situação agravou-se na presente campanha, em que o valor de compra da mandioca baixou dos anteriores 2,5 maticais/quilo para um metical, o que não compensa o esforço despendido pelos camponeses.

Segundo apurámos, a CDM tem-se queixado de escassez de mandioca para continuar a levar a cabo a produção de Impala, um bebida alcoólica bastante procurada nas zonas rurais das províncias de Nampula e do Niassa.

O abandono na produção do tubérculo em questão em Ribáuè agrava-se também pelo facto de as estacas distribuídas pela DADTCO, da variedade Iopué, se destinarem apenas à produção de mandioca para aquela fábrica, e não para o consumo humano.

Iopué é uma estaca fornecida pelo Instituto de Investigação Agrário de Moçambique (IIAM) e produz, em média, 12 quilogramas por planta.

Julieta Lourenço, mãe de 12 filhos, é uma dos camponeses que produzem mandioca e outras várias culturas alimentares numa área de 1,5 hectares. Ela mostrou-se desconfortada após a redução do preço desta cultura e disse que, caso a situação prevaleça, esta será a sua última campanha de que faz parte.

“Se a variedade da mandioca que produzimos fosse comestível, não iria vendê-la à fábrica, mas a outras pessoas e alimentava a minha família. Fomos enganados pela DADTCO que no início praticava preços aliciantes e quando se apercebeu de que o programa tinha aceitação decidiu, de forma deliberada, baixar o valor de compra sem justificar as causas”, afirmou Julieta, acrescentou que na campanha passada obteve cerca 35 mil meticais resultantes da venda da mandioca, valor que desta vez irá diminuir.

Abílio Nahura, de 57 anos de idade, presidente da associação de produtores de mandioca, denominada Olima Ovilela de Namigonha, em Ribáuè, disse que na agremiação estão filiados 118 camponeses que trabalham numa área de 44.5 hectares. Para ele, a redução do preço de compra daquele tubérculo surpreendeu os membros da sua associação pela negativa.

“Por inúmeras vezes, tentámos reunir com a direcção da DADTCO para pedir explicações das causas que ditaram a redução de preços de mandioca, mas a entidade nunca se mostrou disponível. Iremos abandonar definitivamente esta cultura”, disse Abílio Nahura, que na época finda produziu mais de 300 toneladas e ganhou apenas 74.328 meticais. “Não somos consultados, eles é que impõem o preço. Pedimos a intervenção do governo”.

Tentativas de ouvir a direcção da empresa DADTCO fracassaram e os responsáveis da mesma alegaram que não têm autorização para falar à Imprensa. Refira-se que o distrito de Ribáuè é considerado um dos celeiros de Nampula. Depois de Malema, é o maior produtor de mandioca na província e em toda a região norte de Moçambique.

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