Campanhas sociais arrebatam os melhores troféus do Festival Internacional de Publicidade

Pelo sexto ano consecutivo decorreu na capital moçambicana o Festival Internacional de Publicidade de Maputo. 26 agências de publicidade provenientes de Angola, Maurícias, Portugal, Ilhas Reunião, Brasil, incluindo as do país anfitrião, Moçambique, disputaram os cada vez mais respeitados troféus.

O grande prémio fugiu aos publicitários nacionais, pois foi conquistado por uma agência de publicidade angolana, a Executive Center, com uma campanha integrada de sensibilização tendo como pano de fundo o lixo abandonado nas ruas de Luanda.

Outra grande vencedora da noite foi a agência de publicidade moçambicana Golo, que arrebatou dois troféus de ouro – um premiou a campanha contra o tabaco “Smoke Recycle”, em que as imagens de cigarros foram criadas a partir de milhares de beatas recolhidas em Moçambique; o segundo troféu de ouro foi para outra campanha impressa também de sensibilização “Apaga o cigarro antes que ele te apague a ti” veiculada em paralelo com uma campanha temática do Jornal @Verdade.

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Em mais um ano de crise mundial a Golo, agência que já foi premiada no Festival de Publicidade de Cannes (na França), arrebatou ainda quatro troféus de pratas e cinco de bronze. Sobre a crise, Thiago Fonseca, o director de Criação da Golo, disse em entrevista que o impacto da crise mundial no mercado moçambicano chegou atrasada. “Sentimos sobretudo no que diz respeito a alguma redução do investimento publicitário, em geral, no mercado, em 2010. Mas o nosso negócio é o negócio das ideias, e uma boa ideia não depende de crise alguma.” Thiago, um dos mais experientes publicitários moçambicanos, acrescentou que é na crise ou numa recessão onde os anunciantes mais inteligentes devem investir, pois a sua marca sai fortalecida dessa fase tendo ainda destacado que “o importante é fazer o diferente. Em crise mesmo ficam as empresas cujas marcas deixam de anunciar e desaparecem.”

Eis os vencedores do festival repartidos pelas categorias Ouro, Prata e Bronze:

OURO

Agência	Titulo	Categoria
Luvi Ogilvy Reunion	Hot Wheel	Print
DDB-Moç	Cancro Mama	Campanha
Golo	Cara, Bebé, Pulmão	Campanha
Golo	Smoke Recycle Bebé	Resp. Social

PRATA

BRONZE

Agência	Título	Categoria
Publivision	Quem sabe lê	Print
Golo	Lágrimas por Malangatana	Print
Golo	Fumador	Print
Golo	Malas LAM	TV
Executive Center	Sumô	TV
P & P Link	Memory loss	Rádio
Publivision	Marca Invisível	Campanha
Golo	Verdade, Alertar e Fumador	Campanha
Golo	Clorets Cão e Bode	Campanha
P & P Link	Soft drug hard consequence	Resp. Social

Sobre o número recorde de participantes no festival, e no que toca ao facto de muitos dos concorrentes serem estrangeiros, Thiago Fonseca considera que ficou mais difícil ganhar prémios no Festival de Maputo, mas isso aumenta também o reconhecimento dos prémios conseguidos, porém, “outra razão que torna difícil nós ganharmos é o facto de que o Festival de Maputo premeia acima de tudo a excelência na criatividade publicitária. Mas no caso de haver muita participação estrangeira e com jurados que não falam Português, as ideias locais, aquelas em que nós mais acreditamos, não têm tanto destaque. Porque só quem entende pormenores íntimos e profundos da cultura local é que aprecia ou sente uma peça assim. Os estrangeiros não entendem. Com o festival a tornar-se mais internacional, penso que se destacam as ideias que podem ser facilmente entendidas em qualquer mercado.”

Apesar do aumento no número de participantes apenas oito agências moçambicanas concorreram ao 6º Festival Internacional de Publicidade de Maputo. O director de Criação da mais premiada agência moçambicana considera bom o número de representantes nacionais e espera ver um crescimento no próximo ano. Mas, por outro lado, Thiago afirma que “existem poucas agências de publicidade a fazer trabalho de qualidade localmente. Talvez a inibição tenha sido essa. Participar no festival obriga-nos a ter peças de qualidade criativa muito elevada para ter chances.”

O festival atribuiu ainda Diplomas de Honra ao Jornal Notícias – que está a comemorar este ano o 85º aniversário da sua fundação, ao Jornal Whampula, editado na cidade nortenha de Nampula há cerca de uma década, ao Instituto de Comunicação Social – instituição pública que estabeleceu uma rede de 35 estações de rádio comunitárias nas zonas rurais de Moçambique –, ao Grupo de Teatro Mbeu – criado há quase duas décadas e que tem desenvolvido assinalável actividade teatral – e o Prémio Carreira ao compositor e intérprete moçambicano Dilon Ndjindji.