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Cameron promete liderança ‘forte e estável’ ao apresentar programa

O novo primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu esta quarta-feira uma “liderança forte e estável”, ao apresentar as principais linhas do programa de governo de sua histórica coalizão de centro-direita com os liberais-democratas de Nick Clegg, que estará centrado na economia. “Estamos a anunciar uma nova política na qual o interesse nacional é mais importante que o interesse dos partidos”, declarou Cameron em sua primeira coletiva de imprensa conjunta com Clegg, vice-premier, nos jardins de Downing Street.

Depois de cinco dias de árduas e intensas negociações, os dois partidos alcançaram na terça-feira esse acordo de coalizão, que colocou fim à incerteza provocada pelas eleições gerais vencidas pelos conservadores, que não obtiveram a maioria necessária para formar um governo imediatamente. Esse governo de coalizão, o primeiro que a Grã Bretanha tem desde a Segunda Guerra Mundial, estará “unido por um propósito essencial que é dar a nosso país uma liderança forte, estável e decidida que necessitamos para o longo prazo”, declarou o primeiro-ministro.

Clegg, que dividiu com Cameron o protagonismo na coletiva de imprensa realizada em ambiente descontraído, também se mostrou convencido do futuro desta união que muitos consideram contra a natureza, inclusive dentro dos próprios partidos, e cuja longevidade divide os analistas. “Somos partidos diferentes, com muitas ideias diferentes” mas “este governo durará”, disse, sem descartar “brigas no caminho”. “Até agora éramos rivais, agora somos colegas”, afirmou Clegg, que assim como Cameron, esbanjou jovialidade, talvez para marcar diferenças em relação ao desgastado governo do ex-premier trabalhista Gordon Brown.

Cameron dedicou seu primeiro dia como o primeiro-ministro britânico mais jovem em quase dois séculos para finalizar a composição de seu governo, que terá cinco ministros liberais-democratas, incluindo Clegg. Os grandes ministérios, de Finanças, Relações Exteriores e Defesa, ficarão nas mãos dos conservadores George Osborne, William Hague e Liam Fox, que já ocupavam, respectivamente, essas pastas no gabinete de oposição.

A relativa inexperiência de Osborne, um político de 38 anos considerado brilhante e astuto, gera dúvidas nos círculos financeiros, em um momento em que a Inglaterra sai a duras penas de uma longa e profunda crise econômica. O governo anunciou que o “problema mais urgente” era a redução do déficit público, que subiu para 163 bilhões de libras (250 bilhões de dólares) ou quase 12% do PIB do último exercício, assim como a consolidação da recuperação econômica.

Conservadores e liberais-democratas concordaram em cortar o gasto público em 6 bilhões de libras em 2010 e 2011, e detalharão seu plano em um orçamento de emergência no prazo de 50 dias. Para consumar essa aliança, ambos os partidos tiveram que fazer concessões. Os progressistas e pró-europeus liberais-democratas tiveram que se comprometer com os marjoritariamente eurocéticos “Tories” a não adotar o euro nem iniciar preparativos nesse sentido durante toda a legislatura.

Aceitaram também estabelecer limites para imigrantes de fora da Europa e desistiram de se opor à modernização do sistema de dissuasão nuclear Trident, segundo as linhas do acordo divulgadas nesta quarta-feira. Em troca, além dos ministérios, obtiveram a garantia de organização de um referendo para reformar o sistema eleitoral vigente – o que foi o grande cavalo de batalha do partido -, apesar de a proposta não introduzir a proporcionalidade desejada por Clegg.

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