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Cambaza nunca aceitou auditoria na área financeira

Um antigo funcionário da área de auditoria interna dos Aeroportos de Moçambique (ADM) disse na quarta-feira, em pleno julgamento, que o co-réu e ex-PCA desta empresa pública, Diodino Cambaza, nunca chegou a aceitar que a área financeira fosse auditada.

“Já se endereçou um pedido de realização de uma auditoria interna ao sector Financeiro mas que Cambaza sentou-se em cima do mesmo pedido. Este foi o único sector que Cambaza negava que fosse auditado”, explicou Jerónimo Tambajane, na qualidade de declarante. Tambajane, actualmente director do Aeródromo de Inhambane, afirmou que uma carta nesse sentido teria sido endereçada a Cambaza em Abril de 2008, mas que só veio a ser respondida positivamente já em Agosto do mesmo ano quando já decorria uma outra auditoria da Inspecção Geral de Finanças (IGF), na sequencia do caso ora em julgamento.

“Não se podia fazer nada porque a IGF já estava em acção”, disse. Segundo ele, era pratica da empresa endereçar-se uma carta ao PCA (presidente do Conselho de Administração) solicitando a realização de qualquer que fosse a auditoria interna, mas durante os cerca de três anos que Cambaza presidiu a empresa este trabalho só foi aceite e realizado em todas as áreas menos na Financeira, principalmente a nível da sede, em Maputo.

Questionado dos porquês de se ter que pedir uma auditoria ao PCA, Tambajane deixou entender que era assim como se procedia de tal forma que o sector da auditoria interna se subordinava directamente a Cambaza. “Sem a nota de Cambaza nesse sentido nada se podia fazer”, reiterou a fonte. Normalmente, nos ADM eram realizadas duas auditorias por ano em zonas de maior dimensão como é o caso das cidades da Maputo, Beira, e Nampula, e pelo menos uma por ano em outras de menor dimensão. Mesmo assim, segundo Tambajane, a nível da sede, em Maputo, foram auditados, por exemplo, as áreas dos recursos humanos, comercial, entre outras, com a excepção da financeira, principalmente os sectores da contabilidade e tesouraria.

Tambajane já desempenhou funções de Director-Adjunto do Aeroporto Internacional da Beira, na província central de Sofala. Isidora Faztudo confirma que ADM disponibilizou dinheiro para evento da Frelimo A antiga vice-Ministra da Agricultura, Isidora Faztudo, reconheceu na quarta-feira, em tribunal, ter sido intermediária no pagamento de 400 mil Meticais a um empresário encarregue de preparar o campo de Zixaxa, arredores da cidade de Maputo, para albergar as comemorações do 45/o aniversario da fundação da Frelimo (Partido no poder).

De acordo com Faztudo, o dinheiro não chegou de ser depositado em nenhuma conta bancária mas sim entregue a um representante da empresa “Moçambique Serviços Limitada”, que fez a montagem da tribuna para a celebração promovida pela própria Frelimo. Segundo a declarante, que actualmente é PCA da Cervejas de Moçambique (CDM), uma empresa de capitais privados, parte do dinheiro, 300 mil Meticais, foi lhe entregue pelo então Administrador Financeiro dos ADM e um dos denunciantes do caso do roubo de 54 milhões de Meticais desta última empresa, Hermenegildo Mavale.

Nessa altura, Faztudo fazia parte da comissão da Frelimo encarregue para organizar o evento e que ela, segundo suas próprias palavras, fez chegar o montante ao destinatário. Ainda na quarta-feira, o tribunal ouviu mais três declarantes, nomeadamente Delfina Folige, Directora dos Recursos Humanos da ADM, Constantino da Costa, antigo administrador de Recursos Humanos e de Administração e Finanças e também antigo PCA da Sociedade moçambicana de Serviços (SMS), e Sérgio Chauque, Conservador nos Registos e Notariado.

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