Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Caiu o pano do “Dockanema”

Terminou ontem, em Maputo, a IV edição do festival do filme-documentário “DOCKANEMA”, que vinha decorrendo desde o passado dia 11 de Setembro corrente. Tratou-se, além de exibição de uma diversidade de filmes, de um dos maiores encontros dos fazedores de cinema, com interesse único de fomentar a cultura visual.

Durante o festival foram apresentados cerca de 70 filmes distribuídos por quatro salas da cidade de Maputo, nomeadamente Centro Cultural Franco-Moçambicano, Teatro Avenida, Scala e Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS-UEM). Foi uma oportunidade para ver o filme “BEHIND THE RAINBOW”, de Jihan El Tahri, cuja abordagem se centra numa análise rigorosa sobre a natureza do conflito no seio do ANC da África do Sul, que opôs Thabo Mbeki e Jacob Zuma.

Além da apresentação de filmes, a quarta edição do Dockanema foi preenchida por outras actividades paralelas, casos da oficina temática animada pelo escritor senegalês Boubacar Boris Diop, na qual foi discutido o panorama do documentário dos países africanos de língua oficial portuguesa, no objectivo de promover o diálogo intergeracional e incentivar uma maior produção na comunidade lusófona. O cineasta, antropólogo e escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho também esteve presente para falar da sua obra e mostrar os seus filmes do pós-independência de Angola e de como questionar o cinema etnográfico.

A obra de Eduardo Coutinho, grande realizador brasileiro contemporâneo, mestre do documentário, também teve um espaço especial nesta quarta edição do Dockanema. Na área da formação, o Dockanema promoveu a oficina NOMADLAB, que se destinou a estimular a cultura visual e a dotar de ferramentas de leitura aos participantes que, numa frequência a longo prazo, realizarão documentários rodados em Maputo. O Dockanema insere-se numa lógica de parcerias entre festivais africanos que conquistam algum espaço no panorama cultural mundial e partilham os mesmos desígnios.

Foi o caso do lançamento do projecto DOC – ACP – com o Real Life Film Festival (Gana), o Zanzibar International Film festival (Tanzânia) e do Festival de Cinema Africano de Tarifa (Espanha) para melhorar a visibilidade do documentário de criação na zona ACP (África, Caribe e Pacífico). Em parceria com o ICMA, foi realizada no CCFM uma exposição de fotografias das rodagens de filmes do cineasta alemão Werner Herzog, com destaque para o seu trabalho em África e na América do Sul.

Outros projectos paralelos e toda uma animação musical, nomeadamente um concerto de jazz e a projecção do “Homem da Câmara de Filmar” de Dziga Vertov (1929) com acompanhamento musical de Marc Collin, contribuiram para a concretização de um Dockanema inesquecível.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!