Cerca de 15 quilómetros quadrados de campo minado do distrito de Cahora Bassa, em Tete, constituem área na qual foram plantadas aquelas armas silenciosas ainda por remover, na sua maioria armadilhadas em vias que dão acesso à barragem da HCB.
É suposto aqueles engenhos terem sido montados pelas partes beligerantes durante o conflito armado que durou 16 anos e terminou em 1992 e que opôs activistas da RENAMO e as forças armadas governamentais que defendiam o regime da FRELIMO que se instalou no poder na sequência da proclamação da independência de Moçambique de Portugal, em Junho de 1975. Resultados de uma pesquisa sob a égide do Instituto Nacional de Desminagem (IND), realizada em 2009, referem ainda que o distrito de Mágòe, também em Tete, possui praticamente a mesma área com minas diversas plantadas ainda por desactivar.
Ao longo da fronteira entre Moçambique e o Zimbabué, o IND afirma prevalecer minada uma extensão de 98,8 quilómetros quadrados sendo o fronteiriço distrito de Sussundenga o mais afectado, com 43,8 quilómetros quadrados repletos destes engenhos mortíferos ainda por neutralizar. Cerca de 25 quilómetros quadrados daquela área ainda minada encontram-se dentro do território nacional e o remanescente localiza-se sobre a fronteira, afectando tanto Moçambique como aquele país vizinho.
Torres de alta tensão
Quanto às províncias do Niassa, Cabo Delgado e Nampula, aquela instituição estatal adstrita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação salienta que o processo de desminagem está praticamente concluído, “havendo, no entanto, casos isolados de áreas ainda minadas”.
Quanto às acções programadas para o presente ano de 2010, o IND diz pretender dinamizar acções de remoção de engenhos numa área de 5,1 milhões de metros quadrados nas províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Manica e Tete e de destruição e remoção de engenhos não explodidos das áreas suspeitas de minas na Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa, entre várias acções.
Uma outra acção programada para o presente ano é a continuação de remoção de minas plantadas em áreas envolventes às torres de alta tensão da companhia HCB que se estendem entre a província de Maputo, em Moçambique, e Komatiport, na África do Sul, e ainda ao longo da linha férrea do Corredor de Desenvolvimento do Limpopo, em Gaza, de acordo com Júlio Braga, director nacional do IND. Moçambique está a desenvolver esforços visando remover todas as minas plantadas ao longo das chamadas “três guerras” por que o país passou entre 1964 e 1992 (guerra de libertação, contra as agressões dos regimes racistas da Rodésia e da África do Sul e a civil) até 2014.
O Instituto Nacional de Desminagem acaba de realizar uma reunião anual de balanço das actividades realizadas em 2009 e aprovação do plano para o presente ano que teve a participação de operadores nacionais e estrangeiros de desminagem.