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Caçadores furtivos fogem do Comando Distrital da Polícia em Mecula

Caçadores furtivos fogem do Comando Distrital da Polícia em Mecula

Dois cidadãos moçambicanos, identificados como sendo Paulo Nyenje e António Bernardo, acusados de caça ilegal de elefantes, para a retirada dos seus marfim e contrabando, fugiram das celas do Comando Distrital da Polícia no distrito de Mecula, na província do Niassa, onde estavam detidos. Nos últimos anos, a caça furtiva do elefante em Moçambique chegou a uma escala “industrializada” e está provado ser uma acção do crime organizado com conivências das autoridades governamentais e policiais.

A Polícia da República de Moçambique(PRM) ainda não esclareceu as circunstâncias da fuga destes dois caçadores furtivos, que haviam sido detidos a 22 de Setembro próximo a Reserva Nacional do Niassa, a maior do nosso país com uma área estimada em 42 mil quilómetros quadrados.

A detenção de Paulo Nyenje e António Bernardo só foi possível graças a acções conjuntas de fiscais da Reserva, operadores das concessões dentro da reserva e elementos da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem, que desde 2012 trabalha em estreita parceria com o Governo moçambicano. Os dois caçadores ilegais, que foram capturados na posse de cinco armas (três do tipo AK-47 e duas espingardas de caça) e munições, foram posteriormente entregues às autoridades policiais no distrito de Mecula.

Os criminosos foram encarcerados no Comando Distrital da Polícia no distrito de Mecula mas deviam ter sido transferidos para o distrito de Marrupa, no dia 28 de Outubro, onde seriam presentes a tribunal e formalmente acusados de participação na caça ilegal, posse ilegal de armas de fogo, e envolvimento no crime organizado. Porém na noite de 27 para 28 de Outubro Paulo Nyenje e António Bernardo fugiram.

Uma fonte bem informada sobre o caso, relatou que a longa detenção em Mecula poderá ter sido “propositada para negociar a fuga” e que os dois arguidos foram “vistos a confraternizarem com a policia”.

Nenhuma autoridade consegue explicar porque estes dois detidos não foram presentes a tribunal em tempo útil e fontes no distrito aventam a hipótese de ter havido “fuga de informação relacionada com os mandados de captura emitidos pela procuradoria distrital de Mecula”.

Esta não é a primeira vez que agentes da PRM mostram-se incapazes, e até mesmo coniventes, com a caça ilegal havendo casos comprovados de venda de armas de fogo e munições por parte de agentes da polícia moçambicana. Esta semana foram apreendidos no Aeroporto Internacional Oliver Tambo, na África do Sul, 34 chifres de rinoceronte na posse de dois cidadãos que partiram do Aeroporto Internacional de Mavalane na capital moçambicana. As autoridades policiais e alfandegárias ainda não explicaram como foi possível os seus homens não verem estes chifres com todos meios modernos de fiscalização disponíveis no Aeroporto.

Questionado sobre esta fuga nesta terça-feira(04), em Maputo, o porta-voz da Polícia PRM, Pedro Cossa, afirmou não ter conhecimento da fuga destes dois perigosos caçadores ilegais.

Moçambique possui desde Abril deste ano uma nova Lei das Áreas de Conservação onde as penalizações para a caça ilegal foram agravadas contudo a Lei 16/2014 não pode ser aplicada quando a própria PRM facilita a fuga dos arguidos e o contrabando de espécies em perigo de extinção.

A caça ilegal de elefantes em Moçambique está a decorrer a uma escala industrial e sem precedentes, segundo a Sociedade de Conservação da Vida Selvagem tem sido mortos entre 1.500 a 1.800 elefantes por ano no nosso país, uma média de quatro elefantes por dia, o que poderá extinguir os animais dentro de uma década se a caça intensiva continuar. Drama similar acontece em relação ao rinoceronte, que não é somente caçado ilegalmente em Moçambique, como também na vizinha África do Sul.

O marfim e os cornos de rinocerontes gerados pela caça furtiva em Moçambique têm como principais mercados alguns países asiáticos.

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