O aumento de 31,9% entre segunda e terça-feira das acções que o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, possui na empresa AXXION – a alta prosseguia na quarta-feira – foi qualificado de “escândalo” pela imprensa económica.
As acções da AXXION na Bolsa de Comércio de Santiago subiram na terça 21%, depois de terem chegado a mais de 60% no início da tarde desta quarta, confirmando a percepção de que os títulos de Piñera iriam disparar assim que fosse eleito. Nesta quarta, a Bolsa suspendeu por 33 minutos – das 11H27 até as 12H00 locais – as operações com os papéis AXXION que, nesse momento, ganhavam 50%. Mas, depois disso, chegaram a subir a até 62%, num clima de nervosismo e volatilidade.
“Era medida mais saudável ter liquidado antes (das eleições) as ações, comentou o economista da Universidade Central, Rafael Garay, que atribuiu a tendência à alta a “movimentos especulativos”. “Sua prioridade deveria ter sido desvincular-se o quanto antes de seus conflitos de interesse”, destacou por sua vez, Pedro Martins, do banco de investimentos Merrill Lynch.
Em Abril, o empresário delegou a um fideicomisso voluntário (disposição testamentária) grande parte da administração de sua fortuna, avaliada em 1,2 bilhão de dólares, mas manteve sua participação na companhia aérea LAN, assim como a propriedade do canal de televisão Chilevisión e suas ações no popular clube de futebol Colo-Colo. Piñera possui 26% das ações da LAN, e 73% desse percentual é administrado através da sociedade AXXION.