A construtora Britalar, responsável pelas obras de má qualidade no prolongamento da avenida Julius Nyerere, na capital de Moçambique, não avançou ainda para uma nova reabilitação desta via devido a uma alegada dívida do Município de Maputo com aquela empresa portuguesa. Três laboratórios independentes confirmaram aquilo que se pode ver a olho nú por qualquer citadino: foi usado material de fraca qualidade na base e no asfalto desta avenida danificada no ano 2000 pelas cheias que assolaram a cidade de Maputo. No projecto inicial a reabilitação deveria compreender um troço de 3,5 quilómetros a partir da rotunda da Praça do Destacamento Feminino até à Praça dos Combatentes. Até hoje apenas foi reabilitado o troço entre a Praça do Destacamento Feminino e a avenida Para o Palmar.
Segundo o jornal Correio da manhã, que cita uma engenheira não identificada da Britalar, a firma decidiu “congelar as obras e relaxar as máquinas até que o Conselho Municipal da urbe resolva a situação”. A fonte não avança o valor da alegada dívida, acrescentando apenas que a Britalar está desde Janeiro a usar fundos próprios para o prosseguimento dos trabalhos de reabilitação daquela importante via que passa por alguns dos bairros mais nobres da capital do país.
“A Julius Nyerere constitui uma dor de cabeça em termos de encargos financeiros para a Britalar, diferentemente das outras obras adjudicadas à firma em Moçambique”, desabafou a engenheira daquela empresa lusa que enfrenta problemas financeiros no seu país de origem onde tem dívidas acumuladas de dezenas de milhões de euros.
As obras de reabilitação da avenida Julius Nyerere, a partir da rotunda da Praça do Destacamento Feminino até à Praça dos Combatentes, orçada em cerca de 12,5 milhões de dólares norte-americanos, financiados conjuntamente pelo Banco Mundial e Conselho Municipal da Cidade de Maputo, iniciaram em 2011 e, inicialmente, estava previsto que as mesmas estivessem concluídas até Dezembro de 2012.
Recorde-se que no início do corrente ano, após testes realizados por três laboratórios independentes, um português e dois nacionais, apurarem que a degradação daquela via deve-se a fraca qualidade do material usado na base e no asfalto, a empresa Britalar admitiu remover todo o asfalto e reiniciar todo o trabalho de raiz no troço de 1,6 quilómetros ora reabilitado.
Em Abril o vereador de infra-estruturas do Conselho Municipal de Maputo, Victor Fonseca, disse que a empreiteiro havia assumido a responsabilidade de fazer a reposição da base e da camada em desgaste no asfalto e que tinha apresentado um programa de trabalho para que essa reposição iniciasse em Maio e que duraria pouco mais de 2 meses.
Município não confirma dívida
Entretanto, a fonte do jornal Correio da Manhã, adiantou ainda que a Britalar poderá ser preterida para prosseguir com as obras de reabilitação da Julius Nyerere a favor de uma empresa chinesa. “Isso não é oficial, mas ficámos a saber desse negócio nos bastidores”, salientou a fonte, sem, no entanto, avançar mais pormenores sobre o assunto.
O Conselho Municipal da cidade de Maputo, na voz de Narciso Faduco, director do Gabinete de Comunicação, desdramatizou o assunto referindo que “a obra é da inteira responsabilidade da Britalar, por ter ganho o concurso público para o efeito” e não confirma a existência da alegada dívida.