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Brasil no centro da polêmica sobre falhas que atrasaram as buscas do voo 447

Uma polêmica sobre falhas de comunicação que atrasaram as operações de busca após o desaparecimento, no dia 1 de junho, do voo AF 447 Rio-Paris, opôs esta sexta-feira o Brasil aos investigadores franceses e ao centro de controle de Dacar.

Várias perguntas permanecem sem resposta: o atraso de seis horas no início das buscas decorrente destas falhas diminuiu as chances de encontrar eventuais sobreviventes? Ou a violência do choque provocou a morte imediata de todos os passageiros?

A Aeronáutica brasileira afirmou na quinta-feira ter repassado o voo 447 da Air France ao controle aéreo do Senegal, ao contrário do que alegam os investigadores franceses. A Aeronáutica contactou a autoridade senegalesa de controle aéreo para informá-la “do horário em que o avião devia entrar no espaço aéreo de Dacar”, declarou um porta-voz militar brasileiro.

“A autoridade de Dacar confirmou ter recebido esta informação”, garantiu o tenente-coronel Henry Munhoz. Contudo, mais cedo naquele dia, o Escritório de Investigações e Análises (BEA, sigla em francês), encarregado da investigação técnica na França, afirmou que houve uma falha de comunicação entre os centros de controle aéreos. “Não houve transferência do voo entre os centros de controle brasileiro e senegalês” quando o avião estava sobre o Atlântico, declarou em Paris Alain Bouillard, responsável pela investigação do BEA.

Esta sexta-feira, a polêmica chegou a Dacar. “O Brasil não efetuou a transferência ao centro de controle de Dacar”, ao contrário do que afirmou a Aeronáutica, alegou a Agência para a Segurança da Navegação Aérea na África e em Madagascar (ASECNA). “Como indicado nas conclusões do BEA, o voo 447 nunca foi transferido para o centro de controle de Dacar”, afirmou a ASECNA em comunicado. “Cabia ao controlador do Centro Atlântico (do Brasil) entrar em contato com seu colega do centro de Dacar para confirmar a chegada do avião ao limite de seu espaço para que ele o assuma”, prosseguiu.

“Esta formalidade não foi efetuada. O avião também não entrou em contato com o centro de Dacar para assinalar sua presença. Além disso, o plano de voo do AF 447 Rio-Paris não foi transmitido ao centro de controle de Dacar”, continuou. A Aeronáutica também mencionou a existência de um “acordo operacional” entre o Brasil e o Senegal, segundo o qual “se Dacar não avisa que o avião não entrou (em seu espaço aéreo), consideramos que entrou”.

Porém, para a ASECNA, estas afirmações “carecem de fundamento”. “Não existe qualquer disposição desta natureza no acordo entre os centros de controle de Atlântico e Dacar”, respondeu a agência. A ASECNA reúne 17 países africanos e a França. Ela é encarregada de controlar o tráfego aéreo, guiar os aviões e transmitir as informações em um espaço aéreo de 16 milhões de quilômetros quadrados na África Ocidental e Central, assim como em Madagascar.

Esta polêmica vem agregar-se às críticas do BEA sobre as autópsias. Os investigadores franceses lamentaram novamente quinta-feira não ter em mãos os resultados das necropsias praticadas no Brasil nos 51 corpos encontrados até agora, um processo do qual participam também policiais franceses.

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