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Bomba em Oslo e massacre na ilha de Utoeya deixam Noruega em choque

Sete pessoas morreram num ataque à bomba em Oslo e outras dez num ataque a tiro num encontro de jovens do partido no Governo da Noruega, em dois atentados aparentemente relacionados que deixaram o país em estado choque. Outras onze pessoas ficaram feridas com gravidade: as autoridades avisam que o número de vítimas mortais pode aumentar.

O atentado no centro de Oslo atingiu um edifício de 17 andares, onde fica o gabinete do primeiro-ministro norueguês e afectou também as instalações de outros ministérios, como o do Petróleo. A polícia confirmou que o rebentamento foi causado por uma bomba.

Na ilha de Utoeya, um homem disfarçado de polícia alvejou a tiro um grupo de jovens que participavam num encontro de Verão para militantes do partido trabalhista, no poder. Pouco depois, o atacante foi detido; as autoridades dizem que tem nacionalidade norueguesa.

Foram entretanto encontrados explosivos não detonados na ilha. Em Oslo, a estação de comboios foi evacuada, bem como as instalações do canal de televisão TV2, por terem sido encontrados pacotes suspeitos, adiantou o diário britânico “The Guardian”.

Uma jornalista da estação de rádio pública NRK relatou que a explosão em Olso causou muitos estragos. “Vejo que as janelas do edifício do VG [o principal tablóide norueguês] e da sede do Governo ficaram partidas. Há pessoas ensanguentadas na rua”, adiantou, citada pela AFP.

O primeiro-ministro norueguês não se encontrava no seu gabinete na altura da explosão. Segundo a rádio NRK, o estrondo ocorreu junto ao Ministério das Finanças, muito próximo do gabinete do chefe de Governo e das instalações da redacção do VG. “Há vidros por todo o lado, é o caos total”, contou a jornalista da NRK, Ingunn Andersen, que adiantou ter sentido inicialmente “um tremor de terra”. As imagens colocadas no site da rádio mostram escombros, vidros partidos e a fachada danificada do edifício do VG.

A estação de televisão Al-Jazira sublinhou, no entanto, que o incidente ocorre poucos dias depois de a procuradoria norueguesa ter interposto uma acusação por terrorismo contra Najmuddin Faraj Ahmad, ou mullah Krekar, fundador do grupo islamista Ansar al-Islam, do Kurdistão. Apesar de estar na Noruega desde 1991, depois de ter fugido do Norte do Iraque, mullah Krekar não tem nacionalidade norueguesa, ao contrário da sua mulher e dos seus quatro filhos. No passado dia 12 foi formalmente acusado por ter ameaçado de morte uma antiga ministra norueguesa, Erna Solberg. “A Noruega pagará um preço elevado pela minha morte”, terá dito então, citado pela Al-Jazira. “Se, por exemplo, Erna Solberg me deportar e eu morrer na sequência disso ela terá a mesma sorte”, ameaçou. Não se sabe, no entanto, se a explosão estará relacionada com este caso.

Na Noruega a violência por motivos políticos é muito pouco comum, ainda que o país seja membro da NATO e tenha sido por vezes referido por líderes da Al-Qaeda devido ao seu envolvimento no conflito no Afeganistão. “É muito difícil dizer o que aconteceu”, disse à Reuters David Lea, analista do grupo Control Risk especializado na Europa. “Não há certamente nenhum grupo terrorista interno na Noruega, ainda que tenha havido algumas detenções por ligações à Al-Qaeda, de tempos a tempos”, adiantou. “Há o envolvimento no Afeganistão, mas é cedo para tirar qualquer conclusão”. “Isto parece uma zona de guerra”, contou ao diário espanhol “El País” o jornalista do diário norueguês “Dag Bladet”.

O responsável de comunicação da Cruz Vermelha na Noruega, Oistein Mjarum, adiantou à BBC que os escritórios da organização ficam muito próximo da zona da explosão que foi ouvida em toda a cidade. “Esta é uma área muito movimentada e numa tarde de sexta-feira havia muita gente nas ruas, e muita gente a trabalhar naqueles edifícios”, disse. “Nunca houve um ataque terrorista como este na Noruega – se é que foi esse o caso – mas é claro que há receio entre os noruegueses, por aquilo que têm visto acontecer noutras partes do mundo.

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