Crise financeira americana
A balança comercial moçambicana, a expansão do mercado interno e as reservas internacionais permitem ao Banco de Moçambique (BM) e alguns analistas económicos “ficarem tranquilos”, porém, atentos, diante da crise financeira desencadeada nos Estados Unidos da América, com a falência da Lehman Brothers, o quarto maior banco da maior economia do mundo.
Fonte bem colocada do BM indica que o impacto de uma eventual recessão americana sobre a economia moçambicana será “muito menor, quase imperceptível”.
“Estamos a seguir de perto a situação, mas não há possibilidades de um impacto directo na economia moçambicana”, sublinha.
O economista Eugénio Chibutane tem a mesma opinião. Diz que apesar de estar relacionado com a crise de créditos nos Estados Unidos, que se vem alastrando até hoje, o choque provocado pela falência da Lehman Brothers é momentâneo e muito rapidamente o mercado irá se estabilizar.
Aliás, os líderes democratas e republicanos do Congresso dos Estados Unidos anunciaram semana passada que chegaram a um acordo sobre os princípios básicos do plano de resgate solicitado pelo governo americano para combater a crise financeira.
“Tenho confiança de que podemos agir rapidamente para ratificar o programa, avaliado em US$ 700 bilhões”, disse, semana passada, em conferência de imprensa, o presidente do Comité dos Bancos do Senado, Christopher Dodd.
A proposta do acordo será enviada com detalhes para o secretário do Tesouro, Henry Paulson.
Aos olhos de Salvador Chibutane, o único impacto previsível para Moçambique, mas também momentâneo, estaria aliado ao efeito cambial nas exportações para os Estados Unidos, uma vez que a apreciação do Metical encarece os produtos nacionais de exportação.
“Quanto às importações, a situação é favorável visto que, devido à desvalorização do dólar, Moçambique passa a precisar de cada vez menos meticais para importações diversas”, assinalou o economista. Sobre as medidas que o Banco Central de Moçambique deve tomar para evitar um eventual impacto, o economista entende que qualquer medida tendente à contenção da desvalorização do dólar e de outras moedas afectadas seria “insensata”.
“Acho que o BM devia esperar. Contudo, deve ficar atento aos próximos acontecimentos no mercado financeiro internacional. Mas ainda não há razões para alarmes”, tranquilizou.
Recorde-se que a falência de Lehman Brothers, uma instituição financeira com 158 anos de história, deixou o mundo financeiro abalado. As principais bolsas mundiais caíram a pique. Os principais bancos centrais das maiores economias do mundo injectaram liquidez no mercado para atenuar o impacto da crise financeira nos Estados Unidos. Contudo, a situação acalmouse quando o gigante britânico, o Barclays, anunciou a compra da plataforma de investimentos e mercados de capitais da Lehman Brothers.