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Bitonga Blues – Entrevista fictícia a António Frangoulis

– Como é que o senhor, estando dentro de um partido que lhe criou todas as condições para chegar até onde está, mesmo assim, investe muitas vezes contra esse mesmo partido?
– Qual é esse partido?
– A Frelimo, obviamente!
– Eu nunca investi contra a Frelimo. O que está a acontecer, na verdade, é que algumas pessoas, dentro da Frelimo, é que estão a investir contra mim.
– Porquê?
– Porque são muito pequeninas. Elas olham para mim e vêem um bisonte, que não vai contornar os obstáculos, mas vai contra eles e derruba-os. 
 
– O senhor considera-se um bisonte?
– Eu sou um homem frontal. Sou suficientemente inteligente para perceber que não posso seguir determinados caminhos, só porque alguém quer que eu vá naquele sentido. Eu penso com a minha própria cabeça. Não me sinto confortável que outros pensem por mim.
– Não acha que as suas palavras são, de certa forma, atípicas e preocupantes, se pensarmos na disciplina que se impõe no seio dos “camaradas”?
– Esse é que é o vosso problema. O que é que me impede de vir a público – mesmo estando no seio de um partido – dizer aquilo que eu penso? Quando discordo de alguma coisa na filosofia do partido a que estou filiado, não significa que eu seja um “contra”, ora bolas!
– O senhor já esteve no centro do furacão quando foi daquele caso mediático julgado na B.O. Foi destituído do cargo de director da PIC. Isso significa que alguns criminosos que passaram pelas “suas mãos”, até hoje, apesar de o senhor já não ser polícia, podem ter ainda algumas feridas que só podem ser saradas provocando outras feridas em António Frangoulis. Isso não lhe amedronta?
– Se eu não tivesse medo, então não seria uma pessoa normal. Tenho medo sim, senhor, mas não vou deixar de viver e trabalhar por causa disso.
– Costuma andar armado?
– Você também pode andar armado, se quiser!
– Mas o senhor não respondeu à minha pergunta…
– A arma nunca foi um bom companheiro.
– Senhor António Frangoulis, o que é que vai voltar para trás na sua vida, pelo facto de o seu nome ter sido chumbado na concorrência para a próxima legislatura da Assembleia da República?
– Eu nunca volto para trás. Nada poderá fazer-me voltar para trás. Aliás, já tinha dito aos seus colegas que não é por morrer uma andorinha que acaba a primavera. Eu sou profissional. Bom profissional. Sou uma pessoa honesta, por isso não vou ter medo dos escolhos que de vez em quando aparecem no meu caminho.
– Pelos visto têm aparecido muitos escolhos no seu caminho!
– Eu sou superior a esses escolhos. Chamo-me António Frangoulis.
– Se lhe chamassem de novo para ocupar o cargo de director da PIC, aceitaria voltar para esse lugar? 
– Só se me chamassem para ser Ministro do Interior.
– Para fazer o quê?  
– Para depurar tudo aquilo. Dar à Polícia maior personalidade e carácter.
– Não acha que o senhor está caduco?
– (Gargalhada sonora). Caduco eu?! Caduco é o teu bisavô!
– O senhor quando evoca o meu bisavô dessa maneira está a ofender-me!
– Desculpa, descontrolei-me.
– Só para terminar, o que é que acha do actual estágio da Justiça moçambicana?
– Um caos.
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