O partido de centro-direita de Silvio Berlusconi declarou, esta terça-feira (26), que votará contra o Orçamento público italiano de 2014, confirmando o seu rompimento com a coligação de governo na véspera da provável cessação do ex-primeiro-ministro por fraude fiscal.
O governo do primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, solicitou um voto de confiança para acelerar a tramitação do Orçamento, a ser aprovado até o fim do ano, e deve conseguir os votos necessários mesmo sem o apoio de Berlusconi.
Mas a confirmação de que o maior partido de centro-direita deixará a ampla e instável coligação italiana salientou a fragilidade da situação política na terceira maior economia da zona do euro desde as inconclusivas eleições em Fevereiro.
“A partir de hoje estamos na oposição e a grande coligação terminou”, disse o líder do partido Forza Italia na Câmara dos Deputados, Renado Brunetta. Mas cerca de 60 parlamentares de centro-direita afastaram-se do Forza Italia e prometeram manter o apoio ao governo, o que significa que Letta deve conseguir facilmente o voto de confiança e a aprovação do Orçamento.
Outro confronto deve acontecer na quarta-feira, quando o Senado vota a cessação de Berlusconi por causa da condenação judicial que ele sofreu em Agosto num processo por fraude fiscal. O dirigente do Forza Italia, Paolo Romani, descreveu a votação da quarta-feira como “o funeral da democracia”, mas disse que o seu partido continuará A ser capaz de deixar a sua marca no Parlamento, mesmo estando na oposição.
“Quem acha que o Forza Italia não é mais relevante para a coligação está a cometer um grande erro”, disse ele. Em entrevista colecctiva ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, na cidade de Trieste (norte), Letta disse que a Itália – ainda a atravessar a sua pior recessão desde o fim da Segunda Guerra Mundial – precisa desesperadamente de estabilidade para promover reformas na sua estagnada economia.
“Para voltarmos a crescer, a Itália precisa de evitar o caos, e é isso em que tenho trabalhado nos últimos sete meses e no que estou agora”, disse Letta.