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Ben Ali começa a ser julgado à revelia no dia 20 de Junho

O julgamento de Zine el-Abidine Ben Ali, o antigo Presidente da Tunísia, tem início na próxima semana, anunciou na segunda-feira o primeiro-ministro tunisino de transição, Béji Caid Essebsi. “O julgamento de Ben Ali começará no dia 20 de Junho”, disse Essebsi numa entrevista à Al-Jazira.

“Ele será julgado num tribunal militar e num tribunal civil”, adiantou o primeiro-ministro, citado pela AFP. Mas o facto de o julgamento ser “in absentia” – o ex-Presidente não irá comparecer em tribunal – está a levantar uma onda de críticas na Tunísia, durante 23 anos comandada pela mão-de-ferro de Ben Ali.

Para militantes dos direitos humanos e para muitos tunisinos o facto de o antigo chefe de Estado não estar sentado no banco dos réus é “frustrante” e muitos consideram que este não será um “verdadeiro processo”. “Para mim é um não acontecimento. É uma cortina de fumo. Fez-se tudo para não haver um verdadeiro processo”, declarou à AFP o jornalista Taoufik Ben Brik, adiantando que o anúncio apenas serve para “manipular a opinião” pública.

Radhia Nasraoui, uma reputada militante dos direitos humanos considerou “frustrante” a situação de Ben Ali ser julgado sem estar presente em tribunal. Para esta militante, seria mais importante as autoridades perderem mais tempo a tentar obter a extradição do antigo Presidente, refugiado na Arábia Saudita desde 14 de Janeiro, após um mês de protestos. “Não vai ser o julgamento que desejaríamos ter para Ben Ali. Ele é responsável por milhares de casos de tortura, ele é responsável por centenas de mortes. A sua família saqueou o país. Estes são crimes muito graves. Como o vamos julgar se ele não lá estiver?”, declarou Nasraoui à AFP.

Segundo Essebsi, a Tunísia não recebeu resposta por parte das autoridades sauditas ao pedido de extraditar o ex-Chefe de Estado. Tanto Ben Ali como a sua mulher, Leila Trabels, enfrentam acusações. Recentemente, o advogado do antigo Presidente tunisino classificou o processo de “mascarada” e adiantou que o ex-líder estava cansado de “mentiras e injustiça”. No dia 23 de Outubro, acontecem as primeiras eleições livres na Tunísia desde a queda de Ben Ali.

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